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Eu tive um grande amigo chamado Tatá!

13 de outubro de 2016

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Eu tive um grande amigo chamado Tatá!

Esse aí é o Tatá, o papagainho mais dócil, mais divertido, mais carinhoso e mais amado do mundo, o meu amigo, o meu filho, o meu companheirinho de pena….


Ele chegou em casa há exatamente 9 anos, me lembro que sempre quis ter um papagaio e quando ele chegou, nossa como eu fiquei feliz! Apanhei bastante no começo, só tinha tido uma cachorrinha e um canário da terra, o Tico… Mas ter um papagaio era bem diferente…
Dei papinha no bico, porque ele ainda não conseguia comer direito ração, providenciei uma gaiola grande, pois a veterinária havia me dito que ele tinha que conseguir abrir as asas dentro dela e girar, comprei potinhos para comida e água, ração e brinquedos, estava entrando aos pouquinhos no mundo dessa criaturinha que aos poucos ia mudando a minha rotina e a minha vida.
A medida que o tempo foi passando fui ensinando as suas primeiras palavras, ele aprendia super rápido… E como eu curtia as novas descobertas… Músicas??? Ihhhh o repertório era enorme, Tatá era super eclético, tínhamos desde grandes sucessos infantis como “o sapo não lava o pé” com um remix super especial no refrão, até um pagodinho do sorriso maroto “assim você mata o papai” e por fim uma bela ópera, com um dueto pra lá de especial com a minha irmã!


Quando eu chegava do trabalho e ele ouvia a minha voz, já começava a chamar por mim ” oi amor!”, independentemente de como tinha sido o meu dia, ele sempre conseguia tirar um sorriso meu….
Tínhamos nossa rotina, todos os dias de manhã eu acordava, tratava dele, pegava um pouquinho ele e batíamos um papo… Tenho um baita mal humor de manhã, quem me conhece sabe e muito, mas para ficar com ele nunca…
Não consigo pensar nesses 09 anos em um momento se quer que ele não tenha feito parte, inclusive em um dos mais difíceis, que foi quando minha mãe ficou doente! Minha mãe estava com câncer na tireoide e quando descobrimos meu mundo caiu… Durante todo o tempo de cirurgia, tratamento, foi muito difícil, mas chegar em casa e ter o Tatá me dando beijinho, cantando, me chamando e ficando ali sabe, do meu lado, fez toda a diferença! Hoje graças a Deus minha mãe está curada, mas nunca me esquecerei o quão essencial meu bichinho foi nessa época…
Como uma boa aquariana que sou, sempre vivi em meu próprio mundo, eu, eu mesma e o Tatá! Ah o Tatá…
As pessoas sempre achavam meio estranho ter um papagaio, pelo menos no meu círculo de amigos que só tinham cães e gatos… Quando eu falava nele, nas coisas que fazíamos juntos, perguntavam como era possível ser tão apegada assim em um “pássaro”… Não conseguiam entender que até no meu colo, assistindo TV o Tatá ficava, que escutávamos nossas músicas com direito a gritos e dancinha de pescoço! Não os culpo, acho que só quem tem sabe como é, quanta cumplicidade e quanto amor envolvido…


O tempo foi passando, nossa amizade, cumplicidade e amor só aumentando… Várias fotos, muitas palavras e músicas aprendidas, planos e uma só certeza, a de sempre estar juntos. Como papagaios vivem muito, pensava em quando engravidar passar o legado do Tatá aos meus filhos, porque afinal se eu fosse antes dele iria ter a certeza que ele iria ser cuidado e amado, que ele não iria ficar sozinho… Vou me casar ano que vem e a escolha do apartamento foi pensando nele, o tamanho é pequeno, mas a varanda é enorme, afinal a gaiola dele é bem grande e ele precisava de espaço e sol… Até no projeto da arquiteta tinha uma gaiolinha desenhada estrategicamente no canto direito da varanda, ao lado do sofá! Exagero? Não, responsabilidade em saber que ele sempre dependeria de mim e que nosso amor compreendia tudo…
Mas como que em um estalar de dedos, tudo mudou… Em uma quarta feira de manhã, como todos os dias, fui pegar o Tatá para tratá-lo e percebi que ele havia vomitado! Como minha irmã é veterinária fiz o que ela mandou e esperei até a noite para ver como ele iria estar… A noite ele havia piorado e o levamos a um hospital veterinário, lá foram feitos exames para conseguir fechar um diagnóstico. Para nós dois foi muito difícil, pois por excesso de proteção, não deixava ninguém pegar o Tatá, até quando ele era novo e a veterinária foi cortar as unhas e a asinha eu desisti, quando percebi que ele começou a gritar e ficar muito nervoso, tinha muito medo que ele tivesse um infarto! Acompanhei o Tatá durante todos os exames, fiquei ao lado dele durante todo o tempo, não fui nem trabalhar, ele precisava de mim e só ficava calmo se eu estivesse junto… Com os resultados dos exames, foram receitados remédios, o problema era que ele não estava comendo e estava ficando cada vez mais fraquinho e dorminhoco.
No sábado tinha um chá de bebê de um primo, mas não queria deixá-lo sozinho, estava com um pressentimento ruim… Só nós dois sabíamos da ligação forte que tínhamos e eu sabia que ele não estava nada bem… E no sábado à noite, no dia 08 de outubro o Tatá se foi… Ele faleceu no meu colo, fiquei com ele durante todo o tempo, fazendo carinho na sua cabecinha e falei que o amava muito! Foi muito ruim para mim ter visto ele ir embora, mas o que me conforta é que ele não estava sozinho, que eu estava com ele…
Muitas coisas passam em nossa cabeça nessas horas… Primeiro me culpei pensando que deveria ter feito mais, que em algum momento eu tinha errado com ele… Depois pensei que devia ter feito menos, que às vezes ele piorou com o stress causado pelos exames e manipulação de pessoas estranhas… Poxa, eu sinceramente achava que fazia tudo certo… Eu tentava dar tudo mesmo o que estava ao meu alcance… Acompanhava vários blogs, comunidades do face, como a “Diário de um papagaio”, para me informar e ajudar a cuidar cada vez melhor do Tatá buscava sempre estar antenada em tudo o que era ligado à ele! Fazia tudo para que ele tivesse uma vida longa e plena…
Acho que como em qualquer perda, temos várias fases, ainda é muito recente… No primeiro dia só chorei, a dor da perda é muito grande… Minha mão ainda está arranhadinha com as marcas das unhas dele, beijo essas marcas todo o tempo e começa a me dar desespero quando penso que daqui a pouco elas irão cicatrizar e sumir e aí não vou ter nada de concreto dele aqui comigo!
O Tatá vai ser cremado, penso em um dia jogar as cinzas em algum lugar bonito, cheio de verde, no meio da natureza… Os remédios, a gaiola, rações, brinquedos, etc assim que conseguir mexer nas coisinhas dele, vou doar para a clínica onde minha irmã trabalha, para ajudar quem estiver precisando…
Tenho procurado bastante coisa sobre a espiritualidade nos bichinhos, sei lá, quero tentar entender um pouquinho do que pode acontecer com ele, eu simplesmente não consigo acreditar que tudo acabou… Encontrei blogs e livros bem legais, inclusive esse aqui que achei bem interessante, ajuda e muito na hora em que estamos sem chão e tentando imaginar o que aconteceu com o nosso bichinho! (http://eespiritualidade.blogspot.com.br/2010/12/normal-0-false-false-false.html?m=1)
É… Vai ser muito difícil não ter quem me receba cantando quando eu chegar, vai ser muito ruim não sentir mais seu cheirinho e o seu corpinho quentinho quanto te pegava no colo e nem o seu biquinho afiado e sua linguinha quente na hora que a gente brincava… O silêncio é ensurdecedor com a sua ausência, as minhas manhãs já não são alegres e barulhentas e a sua companhia, ah que falta que ela me faz!


A razão por ter escrito a nossa história aqui é porque gostaria de contar a história do meu melhor amigo e gostaria de contar em um espaço onde eu sei que as pessoas iriam entender, onde as pessoas saberiam exatamente como esses bichinhos tem o poder de fazer a nossa vida mais bonita, mais colorida e acima de tudo, como o amor dele me transformou e mostrou o verdadeiro sentido da palavra incondicional…
Obrigada meu amorzinho, obrigada por ter me dado o privilégio de ter sido sua dona, obrigada pelo aprendizado e pela sua doação e amor! Eu te amo Tato e nunca, nunca vou me esquecer de você e do quanto você me fez feliz!
” Por isso prometo: quando ficar vendo o mundo cinzento demais, chamarei por ele e suas vívidas lembranças. Não há adeus, portanto, apenas a humana dor da perda. Tenho apenas tudo a agradecer.”

Texto: Fabiane Ulbricht Benvenga

Fundadora do Diário

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