Criando Psitacídeos

O Abandono de Aves

10 de maio de 2017

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O Abandono de Aves

Hoje são objeto de desejo, pela beleza, pela capacidade de fala, pelo “status” que podem dar a quem possui.

Para quem ama essas aves é difícil aceitar que existem pessoas que tratam mal, usam de violência, maus tratos e até abandonam. No Brasil adquirir um papagaio e demais da familia de psitacídeos (araras, cacatuas, periquitos…) de modo legalizado é oneroso para os bolsos dos menos abastados, algumas aves chegam a custar o valor de um bom veículo, mais caro ainda é o custo para manter esses pets com os cuidados que necessitam, comida especializada, médico veterinário, recinto amplo e confortável, brinquedos, é preciso estar disposto a investir e saber que tem custos mensais de manutenção que devem compor seu orçamento. Mesmo com isso tudo, o índice de abandono ainda não é tão alarmante como ocorre com cachorros e gatos, porém quando vamos para países do primeiro mundo onde as facilidades para aquisição são maiores, já se encontra facilmente depositos abarrotados de aves abandonadas ou resgatadas de situações de maus tratos. Aves como araras, cacatuas e papagaios enfrentam graves doenças decorrentes do stress da violência que sofreram nestes casos.

 Bem, entre as inúmeras mensagens que recebo todos os dias, me deparo com uma bem triste, e lá vai a história:

Era uma tarde de abril de 2017, quando Maria (nome fictício) escuta uma discurssão na casa de um vizinho, o pai deles tinha falecido e entre os filhos ninguém queria ficar com as aves, que eram uma paixão do pai e estavam há mais de 30 anos na família. Bem, algumas heranças são realmente um presente de grego, quando não são exatamente o que gostamos. O mais triste nesta história, nem é o não querer as aves, tem gente que realmente não gosta e eles merecem todo amor e cuidado do mundo, o que dilacera e machuca foi escutar que queriam soltar as aves na rua a própria sorte, e se isso já não fosse suficientemente absurdo, além de crime previsto na lei ambiental, ainda vomitam a rudeza que não querem ficar com animal defeituoso, já que uma ave tem o bico torto e a outra a asa quebrada.

                       

Fiquei aqui pensando que tipo de ser humano cogita jogar na rua a própria sorte, aves deficientes que estariam totalmente a mêrce de predadores, fome, frio, isso corresponde a condenar a morte.

 A segunda parte dessa história é que somos humanos de fato, somos gente, quando saimos da nossa zona de conforto, da segurança, do dircursso, quando a nossa indignação nos move a uma ação salvadora, e foi isso que Maria fez, sem medo algum subiu naquele muro, chamou os vizinhos e pediu para ficar com os papagaios, estes, loucos para se livrar do “estorvo”, nem pediram pra pensar, sem remorso, saudade, sem dúvida, com um suspiro de alívio de quem se livra de um móvel velho, que já não serve mais, aceitaram de pronto. Maria então,passou uma caixa de transporte pelo muro, eles colocaram as aves e se livraram do incômodo. Fiquei aqui pensando porque o ser humano escolhe o caminho mais difícil, mais duro, mais cruel. Porque não cogitaram doar a alguém que goste de aves e que fosse dar uma vida digna a eles? Porque sempre é mais difícil fazer o certo? Deixo para vocês leitores essas questões para responder.

 Resolvi contar esta história por vários motivos, um deles é a questão do abandono, cada vez mais comum, já é difícil para o bicho ser deixado pelo dono em outra casa, ele não compreende porque foi deixado lá, costumam ficar bravos, arredios, difíceis e estressados, muitos atacam e agridem o novo dono por entender que é ele que o esta privando da companhia do antigo dono. Imagina você soltar na rua, muitas pessoas quando se arrependem de ter adquirido o animal soltam a ave nas ruas ou em matas´da região,  o número cresce próximo a período de férias, muita gente quer viajar, sair, festejar, e para calar aquela voz da consciência que fica ali gritando lá dentro; “Ei, não se abandona um amigo!”, dizem para si mesmo que fizeram o melhor para a ave, deixaram ela ser livre, desprezando que ela não sabe se virar sozinha, não foi ensinada a isso e que as chances de morte são imensas. Queria poder dizer a vocês que é a primeira vez que me deparo com uma situação parecida, mas não é, já acompanhei outros casos, inclusive de um que a família se mudou e largou num terreno os móveis velhos, o cachorro e um papagaio a própria sorte, triste vida real….

 Outro aspecto nesta história e que não deve ser desprezada, nem por quem já tem, nem por quem esta pensando em adquirir uma ave, é com quem ele vai ficar se alguma coisa acontecer com você? Sua familia quer? Eles podem viver 80 anos, tem registro de cacatua que viveu 120 anos, desse modo costumam passar por gerações de uma família. Deixo para vocês este aspecto para pensar, não deixe que o acaso decida sobre a vida do seu filho.

Sobre o fim desta história, Maria levou pra casa, procurou um veterinário, estão sendo acompanhados, amados, e depois da quarentena e liberação do veterinário iniciar o processo de integração ao resto do bando.

Fico feliz por eles, feliz por existir Maria no mundo!

Adna Dantas

Fundadora do Diário

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