Comportamento

O Papagaio me Bicou, ele me odeia, será?

22 de abril de 2016

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O Papagaio me Bicou, ele me odeia, será?

Bem, por natureza as aves não costumam ser agressivas, não atacam por diversão ou sem motivo aparente, a ação de bicar é na maioria das vezes funcional, a fim de defender seu espaço ou alertar para não se aproximar. Outro ponto importante a ser observado é que a agressividade nos psitacídeos são normalmente o resultado de vários fatores, internos (dor, doença, sono) e externos (ambiente, barulho, manejo errado) são alguns exemplos. Outro fator a ser considerado é a questão hormonal, é comum a alteração no comportamento da ave quando atingem a maturidade sexual. O bico das aves é utilizado para uma infinidade de tarefas como quebrar alimentos, escalar, higiene das penas e carinho. Para os que estão iniciando neste mundo dos bicos tortos, é comum ter medo quando vemos aquele poderoso bico vir em direção ao nosso braço, não se assuste, na maioria das vezes, ele vai apenas tocar seu braço, testar se o poleiro é firme antes de finalmente empoleirar no seu braço, começa ai uma relação de confiança. É fundamental para o tutor analisar o ambiente e a ave, saber diferenciar quando a ave está irritada por doença ou quando algo no ambiente está afetando a ave, a ajuda de um profissional em comportamento animal também é fundamental nesse processo.   Reconhecendo os sinais que ele pode atacar:

  1. Abre a cauda;
  2. Ficam com as penas do pescoço e da cabeça arrepiadas;
  3. Pupilas dilatadas (este deve vir em conjunto com os outros sinais);
  4. Alguns podem usar o bico;
  5. Podem vocalizar e balançar o corpo de cima para baixo;

  São muitos os motivos que podem levar uma ave a ficar agressiva, o importante é entender que, ela ataca por um motivo, 100% das vezes a culpa é do humano, lembre-se, não atacam por atacar, vamos falar de alguns, algumas vezes o comportamento agressivo pode ser por um motivo ou vários associados:

  1. Em caso de doença que esteja sentindo dor, elas podem bicar por não querer ser tocada, evite tocar, nessas horas  respeitar a ave é bem importante, só toque se necessário, descansar também é importante para recuperação;
  2. Por Territorialismo,os papagaios entendem a família como seu bando, e o seu local como seu território, desse modo devemos evitar entrar no viveiro de todo jeito, com movimentos bruscos, evitar que estranhos entrem, sempre falar ao chegar cumprimentando ele ou todos eles no caso de grupo. É uma questão de educação e de comunicar a eles que não somos ameaças e entendemos que aquele seja o local dele.
  3. Stress , em ambiente residencial é muito comum aves estressadas, a rotina e falta de atividade acabam por vir a tona explosões de agressividade como forma de manifestar seu tédio, enriquecer o ambiente,fornecer interação, brinquedos e desafios diários tem bom efeito para amenizar este quadro. Tempo dedicado todos os dias é essencial, quando optamos por criar aves, devemos considerar que são animais que vivem em bandos e são extremamente sociais, desse modo, o relacionamento, participação e interação com o humano é necessário e valorizado pela ave;
  4. Temperamento Dominante, trabalhar uma ave com treinos e exercícios é extremamente importante, principalmente se você tem uma ave com perfil dominante, ela vai querer liderar o bando e isso pode incluir você, assim treinos diários com simples exercícios, corrigir com amor, repreender no momento certo sem gritar ou ser agressivo, falando com voz firme e assertiva vão mostrar a ela que você é o líder do bando.
  5. Maturidade Sexual e a monogamia, este é um ponto bem comum, e diria que um percentual bem alto dos criadores quando relatam agressividade comumente nos deparamos com sintomas relacionados a este tema. Normalmente as aves como as pessoas tem mais afinidade com uma pessoa do bando, o que acaba por decepcionar algumas pessoas, principalmente quando ocorre do “eleito” não ser a pessoa tutora da ave ou a que cuida dela, enfim, existem muitas teorias de como os papagaios elegem seu favorito, entre elas podemos citar: a pessoa parecida com quem criou a mão, uso de acessórios chamativos, temperamento parecido expansivo ou tranquilo, quem dá petisco, quem cuida diariamente, quem mais brinca e interage. Enfim, tudo isso não passa de suposição e palpite, a experiência prática mostra que muitas vezes eles escolhem quem menos cuida ou interage,afinal, coisas do coração são sempre um mistério. A questão preocupante é quando a família humana se frustra e acaba por se afastar da ave, isso tende a agravar e é muito prejudicial a ave, devemos considerar que quem ela gosta pode ficar doente ou precisar se ausentar temporariamente ou permanentemente, assim é importante que a ave se relacione bem com todos da casa. Se toda família trabalhar para interagir, este bom relacionamento com todos ocorre de forma tranquila, do mesmo modo que ocorre na natureza, o fato de terem um preferido ,não significa que se isolem e passem a viver sozinhos ou agressivos com o bando, a vida em sociedade é seu natural. A Maturidade Sexual é outra fase difícil, em ambiente natural ocorre mais tarde, observa-se que em ambiente residencial este amadurecimento seja mais precoce, ocorrendo por vezes aos 3 anos no casos dos papagaios, quando o natural seria entre 5 ou 6 anos de vida. Acredito que o manejo inadequado contribua de forma direta com este fenômeno, o desconhecimento por parte dos proprietários pet da fisiologia da ave e seu sistema sexual, acaba através da manipulação e carinho e locais inadequados (os órgãos sexuais ficam nas costas) por estimular a produção de hormônios, já vi vídeos onde os proprietários alisam outro pontos como cloacas, rabo e etc. Na maturidade sexual pode ocorrer as seguintes situações que resultam em agressividade:
  •   Muitas aves acabam por parear ou eleger um humano como seu parceiro sexual e como não conseguem acasalar com ele tendem a ficar extremamente agressivas, ideal é prevenir para  que o pareamento não ocorra, evite tocar nos lugares que estimulam a ave sexualmente ou enviam essa mensagem a ela, deixe ela quieta nesse período, e lembre que logo passa;
  •  Ela pode parear com um espelho, aves não entendem o que é reflexo, ela entende que  ali é outra ave, há casos de aves que se apaixonam pelo seu reflexo chegando a regurgitar para o espelho, a imagem no espelho pode estimular o pareamento e levar a frustração pela impossibilidade de acasalar;
  •  Ninhos, caixas ou lugares e objetos que lembrem um ninho acabam por estimular a necessidade de acasalamento, retirar e evitar o acesso da ave a estes locais nesse período.

  O mais importante é compreender que a ave não lhe odeia, que existe um motivo pra lhe bicar, que normalmente você tem culpa disso ou poderia ter evitado, e que na verdade esse comportamento é um sinal que algo não vai bem.Se o problema não é físico, o ideal é buscar ajuda com um especialista em comportamento animal, de preferência que trabalhe com psitacídeos, é muito comum receber perguntas e pedidos sobre problemas comportamentais, estes normalmente são complexos, não existe uma receita de bolo ou manual de causa e efeito, faz-se necessário que o profissional analise desde o comportamento da ave, a interação com o dono e demais pessoas do bando, rotina, casa e outros fatores para que possa fechar um diagnóstico e assim recomendar como corrigir a situação. Comumente ele corrige o dono para que assim a ave responda com um comportamento adequado.

Fundadora do Diário

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