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O que aprendi sobre Calopsitas

1 de março de 2016

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O que aprendi sobre Calopsitas

Comecei a criação pelo difícil, o popular papagaio, e como gosto de desafio foi dois de uma vez. Devo confessar que o temperamento genioso, que te exige mais, no meu caso foi compensado pelo porte maior, me sentia mais confortável, não diminuiu o respeito pelo bico e sua potência, mas depois de manejar, pegar, cuidar dos papagaios ,me acostumei ao peso, a bicada forte, a segurada firme do pé, foi então que me chegou uma calopsita. Bem, dizer que são lindas e fofas, alegres e divertidas é bem entrar no campo do óbvio e visível e meio desnecessário já que o encanto está ali saltando aos olhos. Confesso sem constrangimento nenhum que elas me davam pânico, podem rir e dizer, ela não tem medo do papagaio e tinha pânico da calopsita, sim, era isso que sentia, medo, insegurança, era desajeitada com elas .

               ” Tinha medo daquele ser tão delicado, aquele pé tão pequeno, aquele osso da perna tão fino, tinha medo de quebrar, tinha medo de machucar. Tinha que achar a medida de segurar firme sem machucar, olhava o bico e pensava, como alguém dá papa para algo tão pequeno?”

Comecei meu estágio preparatório com Snow, que sorte, lindo, manso, doce, baixava a cabeça pra alisar. A aula de verdade veio com Lollita, ela veio com a asa cortada de um jeito, que até hoje acredito que a pessoa nunca tinha cortado asa nem de galinha, dirá de uma ave tão delicada. Este problema rendeu a ela uma primeira queda que abriu a quilha, e uma segunda que machucou o pé levando a semanas de tratamento. Além da asa, ela sempre foi a esquisitinha do grupo, logo descobri que era o fígado, provavelmente da alimentação a base de sementes da casa anterior. Bem, ai começou o estágio, dar remédio no biquinho, que serviu para dar um Up na segurança (não é nada fácil dar 2ml de medicamento no bico sem usar do recurso de sonda), depois de alguns sustos, achei o jeito.

“Amar é preservar minhas características naturais, não preciso de roupas ou acessórios, broches, fraudas, shampoos ou perfumes. Amar é me respeitar como passarinho e não me transformar em humano!”

Observando, convivendo, cuidando, aprendendo, aprendendo, aprendendo, acho que essa parte não para nunca né…. Do que aprendi até agora:

  1. Elas não costumam ser agressivas, normalmente agressão nesta espécie é defesa, típica resposta ao medo;
  2. Ganhar a confiança delas leva tempo, então tenha paciência e dedicação, suavidade ajuda na aproximação;
  3. Quando estão assustadas costumam abrir as asas, levantar a crista e emitir um som como um assobio, desse modo dão a impressão de ser maior que realmente são;
  4. Terror noturno são bem comuns em calopsitas, se acostume a ter que acordar a noite com a barulheira das aves se batendo na gaiola e ter que muitas vezes acalmar e cuidar dos machucados;
  5. São aves sensíveis e alertas, então se acontece algo são as primeiras a fazer muito barulho emitindo alerta ao bando;
  6. As calopsitas devido a sua grande sensibilidade, são aves que pedem rotina, se sentem seguras sabendo o que esperar de você, apreciam a estabilidade, desse modo procure estabelecer os padrões de horários de alimentação, banhos de sol, saídas dos viveiros, isto regra geral não é muito bom para os demais psitacídeos, já que acostumados cobram estas ações, pequenas variações na rotina são toleráveis, porém recomenda-se que seja feito de forma suave, isto se aplica também a mudanças de ambiente, local do viveiro, arrumação interna, tudo ou qualquer tipo de alteração afetam essas belezinhas;
  7. Das aves que tenho, as calopsitas são as que mais produzem sujeira, não a de fezes que isso todas sujam bastante. Mas uma grande produção de pó, aquele pó fino ou restos de queratina, aproveitando se nunca criou e está pensando em criar, aconselho fazer um teste alérgico. Aumentar a oferta de banhos ajuda a reduzir este excesso de pó característico delas;
  8. Elas podem aprender em qualquer idade, se ganhou sua ave de outra pessoa, não acredite se disserem que ela não aprende mais ou que não pode ser amansada. Carinho, amor, paciência e respeito ao tempo da ave é uma receita infalível para uma relação sólida, a observação aos estímulos dados é um bom caminho para entender as mensagens que a ave te manda;
  9. Os Hormônios afetam suas aves, tanto machos quando querem acasalar, como as fêmeas na postura, tendem a ficar mais agressivos, tenha paciência que passado este período voltam a ser seu amigo de sempre. Outra mudança significativa é o comportamento individual para o comportamento quando formam pares. Na primeira vez que presenciei, com uma linda calopsita macho, muito doce e que baixava sempre a cabeça para ganhar carinho sempre que nos aproximávamos, depois que arrumou uma namorada, não aceitava mais os carinhos, isto me remeteu a fase de “mico” da mãe ir deixar na escola, afinal ele já era um rapazinho, não queria mais ser o “filhinho da mamãe na frente da namorada.”
  10. Sua personalidade tranquila e estável, nos oferece uma ave que se bem ambientada e confortável dificilmente tentará fugir, salvo em casos de susto. Oferecer viveiro amplo e confortável, brinquedos, água, comida adequada e carinho do dono é fundamental.
  11. Se a calopsita tiver opção de escolher, ela quer sempre estar no alto, deixe a gaiola no alto, não coloque em bancos ou cadeiras, isso lhe causa stress, se for um viveiro, coloque os poleiros mais altos, suba os comedouros e bebedouros, não deixe a comida na grade de fundo, ali é o banheiro, deixar a comida no piso da gaiola aumenta muito a chance de contaminação, sempre que cai fezes, sobe e plana sobre a comida partículas dos dejetos contaminados, você gostaria de fazer sua refeição em cima do vaso sanitário?
  12. Banho só com água, são aves que não possuem cheiros ou mau odor, produtos artificiais são desnecessários, retiram a proteção natural das penas e muitas vezes por rejeição ao cheiro ou textura acaba por desencadear processo de arrancamento de penas.
  13. Elas não precisam de roupas, incomodam, atrapalham os movimentos, aves são dotadas da mais bela e nobre vestimenta, uma que nem o melhor e mais incrível estilista vai conseguir reproduzir, suas próprias plumas;
  14. Não se deve dar conservas, a maioria tem níveis altíssimos de sódio e açúcar, muito prejudicial e que sobrecarregam os órgãos aos longo do tempo;
  15. Não determine o “dia do banho”, ofereça a possibilidade, e fique atento principalmente nos dias mais quentes, dê uma borrifada ou coloque a banheira, se ele se afastar respeite, se quiser a ave vai fazer festa, a escolha deve ser da ave;
  16. Respeite os foto períodos naturais da aves, ou seja, em ambiente natural, acordam ao nascer do sol e dormem ao anoitecer. Providenciar que tenham ao menos 12 horas de sono em lugar tranquilo é bem importante para elas;
  17. Quanto maior o barulho pior será a qualidade do sono, as calopsitas são as sentinelas das aves, as primeiras que dão o alerta, logo em lugar barulhento estarão sempre em alerta diminuindo a qualidade do repouso;
  18. São aves muito limpas, não gostam de sujeira, não deixe o viveiro dias sem limpar, isto além de aumentar os riscos de doenças, estressa bastante a ave;
  19. Elas são de natureza coletiva, não gostam de ficar só, se passa muito tempo fora de casa, de uma amiguinho pra ave;
  20. Momentos fora da gaiola relaxam, divertem, os banhos de sol também são fundamentais para sintetizar a vitamina D e fixação do cálcio;
  21. Crianças são muito fofas, mas muitas vezes desajeitadas, calopsitas não são brinquedos para aves, não é divertido alguém lhe pegando, puxando o tempo todo, afinal, nem todo dia queremos brincar.

Bem, só quis passar algumas coisas que aprendi com as calopsitas, continuo aprendendo com as minhas e principalmente com outros criadores muito mais experientes. Espero que o pouco que sei ajude a outras pessoas. Gostou, compartilha vai! #Calopsitas #Calopsitas_DUP

Fundadora do Diário

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