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A história de Harry

8 de agosto de 2017

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A história de Harry

“Harry foi um presente divino, e que chegou num dos momentos mais frágeis para mim. A ideia inicial era comprar uma calopsita, mas o vendedor me fez de boba várias vezes, e isso me fez desistir. Eu conheci esse pequeno, que é um Periquito-do-sertão ou Periquito-da-caatinga, na minha escola, ele foi colocado em um viveiro cheio de periquitos australianos, e a maioria deles estava morrendo, mas não porque Harry os estivesse matando, até por que não foram encontrados indícios de tal coisa, mas os animais morriam por conta da alimentação inadequada e falta de cuidados, e também claro, o próprio Harry era uma vítima disso tudo. Pois bem, a pessoa que o colocou lá dentro, disse que fez isso por que não queria mais ter despesas e muito menos sujeira em casa, essa pessoa, então funcionária da escola, me falou isso e eu automaticamente perguntei se ela não queria me entregar a ave, a resposta é claro, foi um não e muito bem dado.

Fiquei super irritada com isso e no fim da aula fui para casa, conversei com minha mãe sobre, ela até então disse que eu tinha que ter paciência que ela iria ceder, bobagem! A criatura nunca cedeu. No meio do outro ano eu passei no vestibular e fui pra faculdade, me despedi dele, pois todos os dias eu levava frutas para que ele pudesse pelo menos se sentir vivo, o nosso fiscal de sala da época me disse que iria manter o que eu fazia, e manteve até que foi demitido, não sei a razão e muito menos vi o moço outra vez, Quando sai da escola, fiquei uns 2 anos ou até menos sem ir lá por conta da correria, mas sempre ligava pra tia da cantina e ela me mandava notícias dele, até que perdi o contato.

Até que um dia fui na escola pegar uma documentação e encontrei com ela, me disse que eles teriam colocado uma ave, acho que uma ararajuba dentro do viveiro, e o Harry e essa outra ave brigaram e ele acabou perdendo a pata direita, a tia da cantina socorreu e tudo mais, e me disse que não queria vê-lo sofrer, pois ele era muito tristinho e ela não passava o dia todo em casa, e me fez a pergunta de 1 milhão de dólares: “Você quer ficar com ele?”, eu olhei pra minha mãe e sem pensar 2 vezes aceitei, marcamos um dia e ela trouxe ele até a escola e eu fui buscá-lo. Hoje o Harry é o motivo da minha alegria, é um presente para m, minha mãe adora ele, mesmo “brigando” com ele por causa da sujeira na época da muda, hahahahaha.

Somos muito felizes em ter resgatado esse pequeno, e sabendo que ele também é feliz e vive tranquilamente, come bem, dorme bem, e tem muito amor conosco. Esse é o Harry meu filho de penas e neto da minha mãe!” (Viviane Teixera)

                                                                                       

Eu li essa história e confesso que fiquei emocionada, triste, com aquele nó na garganta, o coração mexido, não só por tudo que Harry teve que passar, pela sua condenação permanente que é a perda do pezinho, mas por saber, que ele é um símbolo para mim, um lembrete dos tantos Harrys que tem por aí, que não escutamos falar, de tantos que morreram, de milhares que ainda sofrem em lares no mundo inteiro.

E posso dizer que é um problema social, sim social, porque aves como Harry sofrem pela doença dos humanos. Doença espiritual, de caráter e de total ausência de amor. Do egoísmo inerente a posse, que despreza o que é melhor para ave em detrimento do poder de ter e decidir, mesmo quando não queremos mais, quando a ave fica jogada em um canto qualquer sendo só mantida viva com comida, mas sem afeto, companhia, brinquedos, tratamento e amor, mas ela é um objeto de propriedade, não um filho, amigo ou companheiro.

Não gostamos de contar histórias tristes, mas achamos fundamental contar histórias reais, as de alegria e as de dor, e também as que como a de Harry nos mostra que o amor existe, que existe seres humanos que conseguem passar a linha do discurso e praticar o amor através de resgate, cuidados, doações, atitudes e que contribuem para a diminuição do sofrimento no mundo.

Que esta história sirva de exemplo para repensarmos até onde temos direito sobre uma vida!

 

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