Saúde

O Ciclo de Vida dos Papagaios

27 de julho de 2019

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O Ciclo de Vida dos Papagaios

DO NASCIMENTO À MORTE

Inicialmente o que me motivou esta matéria foi um e-mail muito curioso, recebi a um tempo atrás um contato de uma pessoa pedindo ajuda, pois comprou um papagaio numa loja de renome, mas ela insistia em dizer, que apesar da documentação dele afirmar que o mesmo tinha apenas 2 meses de idade, o papagaio em questão tinha cara de velho, não velho idoso, mas de um papagaio adulto.

O relato dela quando dizia que esperava algo menor, mais frágil e com aparência de bebê me lembrou a mesma sensação que tive quando recebi os meus, afinal, um papagaio nessa idade já está empenado, tem um bico intimidador e é bem independente, e eu esperava algo que me remetesse a um bebê humano, já que é essa a referência que temos, um bebê é dependente, inocente e indefeso, uma imagem bem distante daquele ser emplumado, bem independente e que sabia bicar com força.

No caso do papagaio do e-mail, realmente as feições dele lembravam muito um papagaio adulto, quanto a aparência física é possível reconhecer um papagaio filhote ou jovem pela aparência, apesar de atingirem rápido o tamanho de adultos, jovens tem as feições diferentes, costumo comparar com um adolescente que aos 13 anos tem altura de adulto, mas o corpo e feições do rosto são infantis, o papagaio adulto fica mais encorpado, suas cores ficam mais vivas, no caso dos Amazonas aestiva, o amarelo da face se define mudando muito de quando filhote, os olhos também mudam. Vamos falar um pouco sobre as fases da vida desses seres tão apaixonantes, mas preciso dizer que o relato aqui é baseado em aves pet.

O NASCIMENTO

Como podemos observar nas fotos a seguir, os papagaios ao nascer são espécies totalmente dependentes e desprotegidas, nascem totalmente pelados, cegos e indefesos, e serão cuidados, alimentados e protegidos pelos pais, outras aves do bando ou pelo criador humano.

 

Primeiros dias de vida


Imagens gentilmente cedidas pelo Criadouro Silvestres

Por volta de 20 dias

Por volta de 45 dias

Por Volta de 60 dias

 

 

O que podemos perceber nessa sequencia de registros, é que o desenvolvimento do papagaio é bem rápido nessa fase, com dois meses teremos um papagaio já com seu empenamento completo, e aqui se inicia a introdução dos alimentos sólidos.

Essa é uma fase muito importante, o que acontecer aqui de doença ou desnutrição afetará o futuro da ave, como por exemplo seu porte.

Aves que são criadas pelos pais nos primeiros dias tem a sua imunidade melhor e crescem mais, além de ter um imprint inicial com outro de sua espécie, o que será muito importante para seu desenvolvimento psicológico. Claro que problemas podem ocorrer quando falamos de pais de primeira viagem, rejeição, acidentes como pisotear o filhote, saídas em excesso do ninho causando frio no filhote, alimentação desigual entre eles causando baixa nutrição em um deles, são problemas que podem ocorrer.

Nos filhotes criados em chocadeira o imprint inicial é com um humano, a ave não tem a referencia de outro da sua espécie nem do cuidado com um filhote, proteção, calor de outra ave, essa socialização de bando. Se feito com controle de ambiente, temperatura, contaminação e alimentação correta a tendencia é maior sucesso no quesito quantidade de filhotes, já que quando se retira os ovos a tendência é que a fêmea repita a postura.

Doenças comuns a idade

Nessa fase como a imunidade ainda está em formação eles são mais suscetíveis a adoecer, seja por doenças adquiridas dos próprios pais ou em contato com outras aves.

 

INFÂNCIA E JUVENTUDE

É surpreendente notar que quando entram nessa nova fase, que poderíamos classificar como primeira infância eles já tem o tamanho de uma ave adulta.


Empada e azeitona 2 meses e meio                 Billy 2 meses e 10 dias

Como podemos observar na foto, apesar de estarem completamente empenados, as feições deles são infantis, bem diferente de um papagaio adulto, a cor do olho também indicará sua idade nessa fase, eles nascem escuros e por volta dos três meses começam a clarear para um amarelo, que ficará bem mais forte na idade adulta.


Azeitona 2 meses e meio                          Azeitona 6 meses                                            Azeitona 5 anos

Nesse período costumam começar a rejeitar a papa e perder peso, é uma ação natural e geneticamente programada, eles precisam perder peso para conseguir voar e sair do ninho, nesta fase já não ingerem grandes volumes de uma vez, mas calma, essa perda de peso (em torno de 10%) do maior peso é natural, após essa fase tendem, quando saudáveis, voltam a ganhar peso e estabilizar ao peso ideal da espécie.

No aestiva a cor da face, tanto do amarelo quanto do azul, ainda não se definiu. Lembrando que a marcação característica dessa espécie é o amarelo ao redor dos olhos, mostraremos a mudança neles ao longo do tempo.

O desmame

Os papagaios pets, nutricionalmente falando, tendem a se tornar independentes bem cedo e estão totalmente fora da papa por volta dos 3 a 4 meses no máximo, eles tem em nossa casa casa fórmulas próprias (as papinhas para psitacídeos) que suprem todas as necessidades nutricionais da ave nesse período, como não fazem esforço para procurar comida, na maioria das vezes, chega tudo já descascado, picado e na hora que a fome se apresenta, assim, se o humano deixar, o desenvolvimento e independência deles é mais rápido, e importante que ocorra. Usar o bico para picar, cortar, sentir sabores, cores diferentes, texturas supre uma parte de desenvolvimento cognitivo e quebra o tédio comum ao ambiente pet.

Essa fase é bem critica para eles, um bom manejo, calma, tranquilidade do tutor é crucial para a ave que está em formação. Se para nós tutores deixa-los crescer é difícil e para alguns assustador, para eles também, não é fácil mudar do status de dependência total para independência, são tantas coisas para aprender, quando a fome chega já não cai comida prontinha no bico, é preciso até aprender a segurar e manipular o alimento, tanto com o pé quanto com o bico, desenvolver coordenação motora, descobrir o que mais gosta, aprender a se comunicar com o bando, seja humano ou outras aves.

Doenças nesse período

Neste período além de doenças virais, bacterianas e fúngicas, muitos dos problemas clínicos ocorrem por questões relacionadas a alimentação. Alimentar uma ave no bico, ou o costume popular de sondar a ave, seja com o garrote, bicos em inox próprio para alimentação, entre outros métodos, por imperícia do tutor podem ocasionar a aspiração da papa que podem ir para o canal errado causando obstrução das vias ou infecções, material mal esterilizado pode causar infecções no papo e muito comum a perfuração do papo por queimadura interna com papa quente. Os resfriados e complicações respiratórias mais sérias também são bastante comuns pelo hábito de tutores pegarem aves novas demais, ainda peladas, como nas casas não temos uma incubadora para controlar a temperatura é muito comum que as aves adoeçam.

Mudanças físicas

Aqui já percebemos o olho amarelando, é um processo gradual, suave, a quantidade de amarelo também já mudou, azeitona ao nascer as primeiras plumas tinha apenas duas bolinhas amarelas nas laterais do topo da cabeça como dá para conferir nas fotos acima aos dois meses, o amarelo de Empada também segue se espalhando, mas as feições ainda são bastante joviais.

É importante dizer que nesta idade já demonstram bem claramente sua personalidade, os dois, apesar de serem irmãos de sangue, de mesma ninhada, e criados do mesmo modo numa mesma família humana, são muito diferentes em sua personalidade.

Assim como nos humanos, quanto mais jovem, mais facilmente o cérebro absorve, processa informações, idade excelente para iniciar treinamentos, estabelecer relações, papeis de comando, rotinas, regras.

A Comunicação

Quando falamos em comunicação de papagaios, é comum que os tutores remetam automaticamente a fala humana, aqui estamos falando de comunicação de forma ampla. Quando bem filhotes eles são mais retraídos e observadores.

Após sair do ninho e começar interagir com sua família (bando de aves ou humanos), inicialmente começam a observar a forma de comunicação e os sons.

O desenvolvimento é algo muito particular ocorrendo de forma diferente de indivíduo para indivíduo, nessa equação há influência de fatores genéticos, de personalidade e do contexto social onde está inserido.

Alguns papagaios já emitem suas primeiras palavras em tenra idade, 4, 5 meses, outros por volta de 1 ano e alguns bem tarde. Porém, muitos nunca vão usar a linguagem humana, se

limitando a se comunicar com sons próprios a espécie ou assobiar melodias inventadas ou aprendidas.

Seja qual for a forma escolhida pela ave para se comunicar, devemos estar atentos, se sentimos dificuldade de os entender, devemos considerar que eles por sua vez também se esforçam e por vezes sofrem querendo se fazer entender.

Mudanças Significativas

Aos seis meses ocorre uma muda mais significativa, não que percam grandes extensões de penas ou fiquem com buracos, mas há uma perda acentuada de plumagem, ficam sim mais feinhos e se olhar as fotos vão ganhando músculos, ficando mais robustos e perdendo aquele ar infantil dos primeiros meses.

Estão cada dia mais ativos, curiosos, é um tempo de grande aprendizado, brincadeiras e interação com os tutores são bem-vindas.

 

Completaram 1 ano

A muda de 1 ano, foi a mais significativa de todas, e é bem desgastante para eles, essa troca de penas exige esforço maior do corpo e os deixam doloridos, é comum os tutores não entenderem porque sem motivo aparente a ave começa se incomodar com o toque humano, nesse momento estão trocando penas importantes e calibrosas, novas e cheias de sangue estão bem sensíveis.

Aqui estavam próximos de completar 1 ano, várias penas do rosto caindo e nascendo as amarelas onde não tinha, ao longo do corpo percebemos áreas maiores com falhas, nas mudas graduais ao longo do ano, a queda é tão suave que muitas vezes só percebemos uma pena aqui e ali no chão.

A falta de plumagem e o esforço para produção e eclosão das novas penas demandam mais energia do corpo, por isso recomenda-se nessa fase um reforço na alimentação deles. Porém podem ficar tranquilos, voltam ao normal assim que essa fase incomoda passar.

Empada e azeitona – Muda completa – eles com 1 ano e 3 meses – A máscara amarela ao redor dos olhos característica da espécie já está bem marcada, e como podemos ver, a quantidade de amarelo varia de indivíduo para o outro.

Doenças nessa fase

Como é um período que estão bem ativos e descobrindo o mundo, explorando e mexendo em tudo é muito comum acidentes dos diversos tipos, seja por fratura, intoxicação, choques, afogamentos são os maiores motivos que os levam as clinicas, doenças respiratórias e as alimentares.

 ADOLESCÊNCIA

– Sim eles passam por isso!!!

Sério, se vocês acham que só os humanos têm, passam e sofrem com a famosa e temida aborrescência (adolescência) kkkkk, ledo engano, nossas crianças emplumadas sofrem todas as batalhas desta fase. Realmente momento bem confuso, afinal, já não são crianças, mas também não são adultos, porém se descobrem mais fortes, com mais habilidades, mais coragem e querem mesmo se arriscar. Estamos falando aqui da fase que se inicia por volta dos dois, três anos, varia entre as espécies, algumas mais cedo, outros mais tardes para atingir a maturidade, além da influência de estímulos na produção hormonal que afetam também no aceleramento do seu desenvolvimento sexual.

Você vai percebê-los mais desafiadores, vão testar seus limites, como todo mundo querem se afirmar como pessoas e marcar seu lugar no contexto social. Sofrem já a ação dos hormônios

Eles querem aventuras, descobrir coisas, costumam ficar mais ativos, mais exigentes, vocalizam muito, tentam chamar atenção, e buscam estabelecer outras relações, seja com outros membros das aves, seja com outros humanos.

É um período delicado, pois o manejo costuma ficar difícil, e muitos tutores têm dificuldades em lidar com isso. É comum que mudanças como estas que apresentam nessa fase, seja gritando mais, jogando comedouros, destruindo coisas, recusando aproximação ou mesmo ficando bastante arredio seja taxado por uns como simplesmente maturidade sexual, a influência dos hormônios começam bem antes deles atingirem o ápice que é a maturidade sexual e a necessidade de reprodução que vem com a vida adulta, eles sofrem antes esse período de confusão, ação hormonal e é aqui que entra um manejo cuidadoso, paciente e que através de reforço positivo dos comportamentos aceitáveis consigamos ajuda-los a passar por essa fase.

E você pode me perguntar, mas o que fazer até tudo isso passar? Bem, como ele está explodindo de energia, hormônios descontrolados e atirando para todo lado, o que podemos fazer para ajudar é aumentar sua atividade, espaço maior é bem-vindo, atividades cognitivas, exercícios de busca de comida, brinquedos e comedouros em lugares diferentes que os obrigue a se deslocar, para os que tem as asas preservadas aumente os exercícios de voo indoor para os que só voam dentro de casa ou em áreas fechadas.

Alguns tutores tem como prática aparar as asas da ave quando estão muito dominantes e apresentando problemas comportamentais de quadros de agressividade, porém isso pode aumentar o nível de frustração da ave, que estará com muita energia e com capacidade de locomoção baixíssima em relação a sua necessidade física e psicológica, não aconselho, esta estratégia é uma punição, uma penalidade num momento que na verdade, ela precisa de compreensão e ajuda.

A boa notícia é que passa, a tendência é que, se bem manejado e trabalhado nessa fase, na idade adulta tornem-se mais tranquilos, pacientes, amadurecidos é a palavra correta, as relações são mais estáveis, com cumplicidade e companheirismo, mas isto é para o próximo tópico.

 

A IDADE ADULTA

Eles cresceram, completando agora 5 anos, o nosso entendimento melhorou muito, é a vantagem das relações longas, nos conhecemos, sabemos os limites de cada um, e até aquelas bicadas com força na orelha, no ombro, por incrível que pareça estão suaves, pois é, quando crianças ainda não tem noção da força, entre eles brincar de bicar é normal, mas como humana, pele sensível isso sempre me causou grande desconforto, a menor bicada era sempre muito dolorida.

Porém, tem um outro lado nessa história, se as boas práticas se consolidam e tornam a relação estável, os problemas não resolvidos tendem a se maximizar, é a velha história, é mais fácil corrigir e moldar uma criança que consertar um burro velho ou mudar a cabeça já feita de alguém.


Papagaios de 6 a 10 anos

Algumas aves mais velhas tanto pela falta de limites, traumas e não podemos esquecer a ação dos hormônios e frustração sexual, ficam tão difíceis de lidar que é nessa fase que aumenta os casos de abandono, é muito comum famílias se desfazerem de papagaios nessa idade.

Quando por erro de manejo ocorre da ave reconhecer no humano um parceiro sexual, e vê na época de acasalamento seus desejos frustrados, algumas ficam muito agressivas, as vezes com os próprios alvos do amor, as vezes com visitas ou qualquer outra pessoa ou ave que se aproxime dela, desde cedo evite carinhos considerados como muito íntimos, ou seja, que sinalize a ave que você quer outra coisa com ela, como carinho nas costas, embaixo das asas, próximo a cloaca. Mude o foco se ela tenta regurgitar comida para você, mas, acima de tudo tenha paciência, em algum momento elas vão fazer barulhos e movimentos estranhos, podem se masturbar em qualquer lugar: poleiros, comedouros, tentar na sua mão, em brinquedos, no espelho, não tente interferir, isso é uma necessidade física, o importante é saber que não estão em sofrimento, não precisa se preocupar e que passa, é só um período no ano e depois passa.

Quanto ao aspecto físico, dai para frente não se percebe mudanças, a marcação de cores especificas da espécie está consolidada não apresentando mais alterações ao longo do tempo, salvo em casos de doenças ou deficiências nutricionais significativas.

Nesta fase da vida já não dá para saber se o papagaio tem 8,10, 20, 30 ou 50 anos, ficam exatamente iguais, sem alterações significativas.


Papagaios de 11 a 40 anos

 

PAPAGAIO IDOSO

Quanto tempo vive um papagaio? Bem, um papagaio de vida livre, segundo os especialistas em média 30 anos, é uma vida dura, cheia de perigos, predadores, condições adversas, escassez de alimentos, áreas cada vez menores, clima maluco, enfim, vivem pouco frente ao seu potencial.

Os papagaios Pets, quando cuidados adequadamente podem chegar a 80, 90 anos de idade, mas fica a dúvida, quando os considerar um idoso?

Primeiro devemos considerar que o que conhecemos como velhice varia de individuo para indivíduo, já que vários pontos influenciam nisso, o estilo de vida da ave, se ela faz exercícios, sua genética, histórico médico, nutrição, então, dependendo destes fatores cada indivíduo pode chegar mais cedo ou mais tarde no estágio considerado como um paciente geriátrico ou idoso.

Apesar de visualmente não mostrar sinais tão claros, até porque o corpo é coberto de penas, coisas como rugas, manchas na pele só é possível ver em aves com áreas peladas extensas como as araras , é difícil identificar um papagaio idoso numa olhada comum, é preciso de uma avaliação atenta e de olho treinado para perceber detalhes como perda de massa muscular, alterações , deformações  e afinamento da pele na região da planta dos pés podem nos indicar que ele é idoso, e digo que precisa de um olho treinado porque são condições que podem estar associadas a doenças e não a idade. Para facilitar quando os papagaios começam a apresentar doenças comuns a velhice, podemos enquadrá-los como papagaios geriátricos.

Nessa fase também se movimentam menos, mais devagar, o quanto é isso vai depender dos fatores já expostos anteriormente, sua qualidade de vida, exercícios, alimentação.

Doenças comuns na velhice dos papagaios

Artrite – Trata-se de uma condição bem dolorosa de origem inflamatória que atinge as articulações, pode causar deformações e dificuldades de locomoção. Ela pode ser de diversos tipos, como artrite reumatoide, artrite séptica, artrite gotosa (gota). Em aves carência de certos nutrientes essenciais a integridade do epitélio, excesso de peso ocasionando sobrecarga, estrutura e poleiros inadequados podem também contribuir para o desenvolvimento da doença. Entre os sintomas podemos citar automutilação, gritaria excessiva, baixa movimentação, ave que se recusa a voar mesmo em perigo eminente, articulações inchadas ou quentes, quedas constantes do poleiro, em estágios muito avançados ela não consegue empoleirar devido a dor.

Catarata – A catarata pode começar se apresentando com uma leve opacidade na íris do olho, as vezes só em um e muitas vezes já atinge os dois de uma vez, deve-se se buscar ajuda médica logo através de um especialista em oftalmologia animal para avaliação e possível cirurgia. Apesar de ser mais comum em aves idosas, ela pode ocorrer em qualquer idade devido a consequência de infecções ou traumas.Com a perda da capacidade visual pode vir junto um quadro de agressividade, mas é apenas defesa do papagaio que sente medo já que não consegue enxergar com clareza o que está se aproximando dele, constatado o problema é importante que o tutor sempre fale o que vai fazer para que o papagaio o identifique e se tranquilize. Algumas aves acabam por se acostumar a esta condição, outras podem ter depressão, medo, e se recusar a sair do ambiente onde domina, essa mudança repentina de comportamento é um alerta para os tutores de que algo vai está errado com a ave, esse comportamento mais radical é  mais recorrente em aves que perdem a visão repentinamente.

Pododermatite – Este termo é usado para toda condição inflamatória ou de ordem degenerativa do pé em seus diferentes estágios. Ocorre mais facilmente na idade adulta ou velhice e está associada também ao esforço produzido por poleiros inadequados, aves que sofreram lesões em um membro obrigando a usar o outro a maior parte do tempo, esforço por excesso de peso, dietas com deficiências nutricionais acentuadas. É uma doença progressiva que caso não seja tratada devidamente pode evoluir para quadros infecciosos graves e doloridos

Diabetes – Fornecer uma alimentação equilibrada e adequada a cada espécie ainda é um grande desafio para muitos tutores, até porque é comum um desequilíbrio na equação quantidade ingerida e gasto calórico, o consumo alto de açúcar de diversas fontes, inclusive os naturais como frutas, podem levar a diabetes, é mais comum em aves obesas e costuma se apresentar na velhice.

Doença hepática – Não é necessariamente uma doença da idade já que pode ocorrer em qualquer fase da vida, mas é muito comum em aves de mais idade, 30, 40, 50 anos e acima, a alimentação desequilibrada ao longo de anos costuma levar para um quadro de lipidose hepática os sinais mais comuns são a descoloração das penas, no caso dos papagaios amazonas, onde é verde começa a ficar amarelo, falta de apetite, excesso de peso, letargia entre outros.

Cardiopatias – Congênita ou adquirida, no segundo caso é menos comum em aves que voam já que a atividade de voo ajuda no condicionamento, fortalecimento e tônus de maneira geral. Ela vem sendo associada a aterosclerose, o sedentarismo e alimentação inadequada influenciam, como entre seus sintomas encontramos o esforço respiratório, letargia, fraqueza, depressão, taquicardia, ela pode ser facilmente confundida com uma doença do trato respiratório. Em caso de suspeita o ideal é procurar um especialista em cardiologia animal, como a doença pode se apresentar de forma leve ou aguda e o coração desregular de modo fácil, as contenções exigem perícia e sedação para evitar o estresse da ave.

Doença renal – Podem ocorrer em qualquer idade, mas já a insuficiência renal é bem comum em aves idosas, fora os casos de condição genética quando apresentam esse quadro muito cedo ou por uso indiscriminado de substâncias, os rins costumam dar sinais que estão tendo dificuldades quando as aves aumentam a ingestão de líquidos muito acima do normal e é perceptível o aumento de liquido nas fezes, observa-se também quadros de depressão, perda de peso e gota.

Tumores – Os tumores podem ser malignos que são os canceres e isso inclui o temido melanoma como os benignos, muito comum os lipomas que têm gordura como sua composição. Os fibromas geralmente encontrados na região da asa, além de tumores em outros órgãos.

Aterosclerose – É a doenças das artérias, ela provoca o endurecimento dos vasos sanguíneos que pode causar a interrupção da circulação do sangue e outras complicações. Afeta geralmente papagaios mais velhos, com histórico de vida sedentária e dieta gordurosa,

algumas espécies são mais suscetíveis a esta doença como as araras, os papagaios amazonas e os cinzentos.

 

Como Cuidar de Uma ave Idosa

O corpo é uma máquina que precisa de manutenção constante e envelhece, quanto mais velho maior o número de reparos e menor o intervalo das manutenções, ou seja, nesse estágio da vida da ave o acompanhamento mais frequente e regular do médico veterinário é essencial para que seja uma velhice com conforto e qualidade de vida.

Os hormônios mudam como ocorre conosco, e o humor das aves também, de maneira geral a maturidade vem com aves mais tolerantes as adversidades, que já passaram por muita coisa e nessa fase costumam se adaptar melhor a novas famílias.

Alimentação

É importante em todas as fases da vida, mas nessa fase, com algumas doenças da idade instalada a nutrição deve ser bem conversada e alinhada com o médico veterinário, deverá ocorrer adaptações e correções de acordo com seu quadro clinico já que os alimentos interferem diretamente para o bem ou mal de determinadas doenças, a exemplo quantidade de gordura para um doente do fígado ou frutose para diabéticos. A pesagem deve ser feita regularmente já que perdas de peso significativas ou aumentos podem ser preocupantes nessa idade.

A Estrutura

É outro ponto a ser avaliado, uma ave de 80 anos por exemplo, ou mais jovem podem ficar mais lentas, ou se tiverem doenças que dificultem a movimentação é necessário pensar em um local que promova conforto e até estrutura especial para exercícios de fisioterapia (orientado e acompanhado por especialista) e poleiros adequados, assim como a disposição de comedouros e poleiros de descanso.

A MORTE

É a única coisa certa que todos os seres vivos têm, esse dia vai chegar, no entanto, o que a maioria procura é que ela demore a chegar, que seja natural, sem muito sofrimento.

É comum as pessoas acreditarem e expressarem com orgulho que seu papagaio viveu 30, 40 anos como se tivesse vivido muito e um dia “do nada” achou ele morto, caído, mas sabemos que com qualidade de vida, cuidados médicos, exercícios e nutrição adequada podem chegar com facilidade aos 80 anos, então aos 30, 40 anos, ele morreu muito jovem.

Sempre ouvia falar que aves são muito frágeis e morrem sem motivo nenhum e que não me surpreendesse se achasse morto, diziam: é assim mesmo, morrem por qualquer coisa!

Estas aves quando cuidadas adequadamente, dificilmente adoecem, são fortes, o que ocorre é que saber cuidar e poder dar os cuidados necessários ainda é para poucos, acesso a saúde é escasso e caro, nutrição ainda é muito errada de maneira geral.

Se todas as aves que caem do nada fossem submetidas a autópsia, ficaríamos alarmados ao constatar danos graves na parte hepática, infarto e tantas outras causas que podiam ser evitadas.

Por fim, espero com essa matéria trazer um pouco de luz sobre a linha da vida dessas aves tão incríveis, e que possa servir para que essa linha do tempo entre o nascimento e a morte possa ser usufruída da melhor forma, tanto para ave como para sua família humana.

 

 

 

 

 

 

Fundadora do Diário

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