Criando Psitacídeos

O Drama das Aves que se Perdem

19 de abril de 2019

Publicado por:

O Drama das Aves que se Perdem

 

Praticamente todos os dias postamos ou acompanhamos casos em grupos de aves que se perdem, isso exige uma reflexão por parte dos tutores e da sociedade sobre vários aspectos que envolvem o desaparecimento de um animal de estimação, vamos nos ater ao caso das aves de companhia.

Da classe das aves pets as que mais sofrem com isso são os psitacídeos, claro que o número de passeriformes criados em residências é um número bastante expressivo, porém são aves normalmente criadas exclusivamente em gaiolas, ao contrário dos psitacídeos que culturalmente tem mais interação com os tutores e liberdade no ambiente, muitos são criados exclusivamente soltos, com acesso a toda casa humana, outros com acesso a área externa e muitos em regime de intercalação entre tempo de gaiola e solta em companhia dos humanos.

Apesar de muitos tutores manterem suas aves com asas aparadas, mesmo assim, num momento de susto as aves acabam por conseguir voar, algumas ganham altura e são impulsionadas facilmente por uma corrente de vento, outras acabam descendo próximo de casa e sendo alvo fácil para predadores, sejam eles outros animais ou até mesmo o homem.

Nesta matéria trazemos o caso do papagaio Loro, é um entre milhares de casos de aves que são pegas, achadas sempre próximo de casa e tratadas como “coisas” viram posse de quem achou, é o que venho chamando a tempos do fenômeno social da “Coisificação dos Bichos”.

Esquece-se ou despreza-se o sentimento deste, que pertence a alguém como Pet, mas também pertence emocionalmente como filho, irmão, companheiro de outro pet da casa, pertence emocionalmente a outra família, e ao se perder e ser achado por terceiros tem todos os seus direitos privados.

São raros os casos onde o bicho encontrado é devolvido, são raros os casos que se vê alguém desesperado e investindo todo seu esforço em encontrar a família do bicho.

Segue o caso do Loro:

 

“Boa tarde!!

Hoje venho contar a história do meu filho de penas, ele chegou na minha vida num momento difícil, estava passando por mudanças e ele veio para preencher meus dias.

Chegou muito feio e mau cuidado, por um acaso conheci uma linda moça chamada Anda Dantas de um diário de um papagaio, mandei uma mensagem pra ela pedindo informações de veterinário para levar ele, ela foi muito educada, mas um pouco dura, pois ele estava mal cuidado, já veio para mim assim e eu não sabia tratar, mas me orientou e me ajudou!

Pensei, vou mostrar pra ela que ele vai ser muito bem cuidado e amado, aí disse que eu ia ficar mandando notícias dele, a cada progresso dele eu enviava, pra que ela acompanhasse o desenvolvimento dele.

Assim já faz 4 anos que ele chegou e nos tornamos amigas sem nunca ter nos visto pessoalmente.

Ele a cada dia foi desenvolvendo, aprendeu a falar e a prática do voo.

Foi muito tempo pra eu conseguir treinar ele pra sair e volta e assim ele fez só que eu dei a ele a liberdade de voar de conhecer pessoas, ele adora ir para outras pessoas que não são do convívio dele.

Até ele aprender a voar ele dormiu algumas vezes fora de casa. Eu nunca tive medo de predadores pois ele tem as assas inteira e apreendeu a sair dos perigos como gavião. Só que o maior predador deles são os homens.

Todos os dias ele sai enquanto limpo o viveiro, dá as voltas e volta pra o viveiro.

Dia 19 /03 um dia de chuva ele tomou banho de chuva e ficou em cima do viveiro se secando, por alguns instantes eu fui fazer outras coisas e me esqueci de mandá-lo entrar pra o viveiro,

quando percebi que ele não estava sai nas ruas chamando-o não me respondeu, sempre que eu chamo ele me responder

Aí me bateu um desespero, fui olhar nas filmagens aparecia ele voando e depois não mais. Na rua da minha casa tem um pé de acerola ele sempre ia lá, comia e voltava para casa.

Um homem estava prestando serviço numa residência viu ele manso e o chamou quando foi até o braço do homem ele pegou um pano cobriu o papagaio e o levou para casa,

2 quarteirões da minha casa.

Coloquei anúncio uma semana dizendo que ele tinha sido pego e que pagava recompensa para quem me dissesse onde ele estava, mas nada de notícias.

Alguns me mandaram mensagem de um possível papagaio que podia ser ele, porém todas as informações erram falsas.

Colocamos no Facebook com o valor da recompensa e nada de dele aparecer.

Ontem dia 03/04 depois de 16 dias 

Levantei e orei a Deus com tanta amargura e pedi a Jesus que intercedesse a Deus pra que ele tocasse o coração de quem estava com ele para me devolve , ai Deus tocou meu coração de mandar a foto pra uma amiga que dona de um salão na minha rua que eu tinha ido lá um dia antes e falei com ela que ele estava desaparecido.

Ela me disse que colocaria a foto nos stories dela, já que ela e muito conhecida.

Não deu muito tempo ela me liga, diz: Fátima eu recebi uma mensagem que a pessoa sabe onde ele está, aí não me contive queria logo ir buscar ele!

Ai ela me manda outra mensagem e me diz que eu orasse pois a moça que sabia que o casal tinha pego era da família e não queria arrumar confusão pois já tinha dito pro homem que eu tinha colocado carro de som e estava atrás do papagaio ele disse a ela que ia esquecer, que não ia entregar, ai pedi a minha amiga que me desse o número da pessoa que informou pra eu tentar convencer ela a me dá o endereço de onde ele estava e nada, a moça estava relutante em dizer pois sabia que ia da confusão eu prometi que não ia dizer quem tinha me contando 

Nisso a minha amiga dizendo que eu tivesse paciência que ela ia me dizer já que ela também era uma serva de Deus, quando foi a noite ela me passou o endereço eu chamei meu esposo e fui lá

Quando chego no portão da casa , meu marido muito educado falou com ela, porém ela estava negando que estava com papagaio, ai eu perguntei irmã você é cristã? ela disse sou, perguntei você está dizendo que não está com ele numa gaiola ai dentro, ela olhou pra mim gritando e disse que o marido dela tinha achado e não roubado, eu disse que ele não estava perdido pra ser achado, estava na rua de casa voando como de costume.

Ela disse que não ia entregar que só quando o marido dela chegasse pois tinha uma mulher que tinha postado nos grupos do bairro que pagava recompensa, eu disse sou eu a dona dele e ela me disse cadê a documentação dele, disse que eu não precisava provar que ele e meu quem tinha que provar era eles que estavam com um animal dentro de uma gaiola pequena que não dava nem pra ele abri as assas.

Sem ter comida e água, depois de muita discussão o homem apareceu com um discurso que só pegou ele pra o Ibama não pegar, disse amigo se você tivesse deixado ele livre ele tinha voltado pra casa ai ele me disse que não roubou só levou pra casa dele e não tinha visto ninguém falar

Mas o filho tinha dito que eu pagava recompensa

Meu esposo perguntou a ele o que ele queria para entregar ele?

Ele me disse 500 reais ai o senhor leva pra casa.

Nesta altura eu já tinha perdido a paciência com a mulher dele uma baixa barraqueira que achou que ia me intimidar como toda mãe que briga por um filho eu virei uma leoa.

Disse umas verdades, que ela estava ensinando a filha dela a fica com as coisas dos outros e não era certo. Eles sabiam da minha dor e não tiveram um pingo de sensibilidade. Queriam ver se eu ia dobrar a recompensa. Para pensar se ia me entregar.

Mas Graças a Deus ele está bem não cortaram as assas dele 

Com amor e cuidado ele vai superar.

Agradeço a minha querida amiga Adna que me ajudou muito e a todos que orou por nós

Maria de Fátima

Mãe de Popó “

 

Aves criadas em casa não tem condicionamento para voos longos, logo, normalmente ao se assustarem e voares descem perto de casa, ficando num raio de 400 metros nas primeiras horas, mas porque um número tão pequeno é encontrado? Porque são pegas por vizinhos, conhecidos ou pessoas próximas.

É preciso fazer com que a sociedade entenda que o pet é o mesmo que uma criança humana, ele é amado, cuidado e um membro da família como qualquer outro. Muitos adoecem, entram em depressão e vão a óbito. Muitos são obrigados a se adaptar a outra família, por não ter escolha e por instinto de sobrevivência. Não podemos também desprezar a dor, incerteza, angústia, porque passam as famílias humanas, tem tutores que caem doente, que seja doença física causada pela dor, angústia e incerteza sobre o que aconteceu e onde está seu pet, seja por depressão, tristeza profunda e prostração.

Muitos tutores relatam insônia e angústia profunda consumidos pela incerteza de não saber o que aconteceu, se consomem pensando se seu pet amado está com frio, com medo, com fome, se está abrigado, se alguém encontrou, se está preso em situação difícil, se pensa que foi abandonado e que o tutor não está procurando, se está ferido e sentindo dor, se está morto. A dúvida é um carcereiro cruel, que lhe machuca dia a dia, lhe enche de angústias e incertezas, alguns ficam presos nisso por meses e até anos, seguem numa busca incansável e dolorida, sem conseguir seguir a vida pois uma coisa chamada lealdade, amor, comprometimento os impedem de interromper as buscas, abandonar é uma espécie de traição e com ela vem o sentimento de culpa, então é uma tortura constante e uma espera dolorosa.

Ao bicho cabe a resignação e torcer que caia nas mãos de alguém de bom coração e que na melhor das hipóteses essa pessoa mobilize outras e recursos como posts, cartazes, acionar grupos afim de encontrar os verdadeiros tutores. Não podemos deixar de mencionar aqueles que acham, sabem que tem dono e revendem o bicho.

Em tempos de tanta tecnologia da informação, de tanta facilidade de acesso as redes sociais, é inadmissível que se ache um ser vivo e não se faça nada para ajudá-lo a voltar para casa.

Bicho não é um objeto, não é uma coisa, e mesmo que fosse, se apropriar de algo que não é seu é crime previsto na nossa lei, o famoso ditado “Achado não é roubado” não cabe, não é moral e nem ético quando estamos falando de vida, sentimentos, família, laços de amor.

Na vida de maneira geral, independente do que seja, se achou qualquer coisa que não lhe pertença, faça para os outros o que gostaria que fizessem por você, procure o dono, devolva, pratique a honestidade, seja bom, generoso e justo, seja a mudança que você quer no mundo, seja a pessoa que você teria orgulho.

O que fazer quando perder uma ave:

  • -As primeiras horas são fundamentais para acha-la, ela ainda está perto de casa.
  • -Envolva as pessoas, por redes sociais, faça cartazes, peça ajuda da família e amigos para compartilhar, procure grupos, classificados.
  • Espalhe cartazes nas ruas num raio de 400 metros, fale em locais de movimento como mercadinhos, salões de beleza, bancas de revista, pet shops.
  • Oferecer recompensa sempre ajuda.
  • Vá de porta em porta nas casas, avise todos os vizinhos, pergunte e deixe seu contato caso vejam.
  • Olhe nas árvores, se as asas estão em condição boa de voo procuram por lugares altos como árvores e varandas de prédios.
  • Caso anoiteça, nesse horário eles costumam ficar em silêncio para se proteger de predadores, normalmente não respondem o chamado dos tutores.
  • Nos primeiros raios do sol é um bom momento para procurar, costumam ficar mais agitados nesse horário e vocalizar, respondendo facilmente o chamado dos tutores.
  • Caso tenha outras aves em casa você pode gravar o som delas e levar para rua e reproduzir com uma caixa de som, a ave reconhece e costuma responder.
  • Se na sua localidade permite contrate carro de som para rodar no bairro e regiões próximas.

 

 

 

 

 

 

Fundadora do Diário

error: Conteúdo protegido