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O que os Papagaios mais detestam nos Seres Humanos?

16 de dezembro de 2018

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O que os Papagaios mais detestam nos Seres Humanos?

Ficar a frente do Diário de Um Papagaio não é uma tarefa fácil, há dissabores, incompreensões, críticas, pedradas, momentos dolorosos, muito, muito trabalho, mas também muitos momentos bons, aprendizado, amizades, pessoas e histórias lindas que conheci e muitas compartilhei aqui, com vocês.

Costumo receber muitas perguntas, e solicitar que me façam, mas nada me prepararia para ler: “O que os Papagaios mais detestam nos seres humanos?”, pensei: Caramba!!!

Senti simultaneamente como se me sacudissem e veio acompanhado de um nó na garganta, aquele incomodo recorrente quando você é finalmente confrontada com verdades que você evita pensar, porque doem, porque incomodam, porque lhe obrigam a olhar…..

Confesso que sempre faço o exercício de tentar pensar como eles pensam, olhar como olham, tentar ver sob a perspectiva deles, mas nunca, nunca parei para pensar no que eles poderiam detestar em nós, mas não posso ser hipócrita e dizer que isso é uma questão qualquer quando sabemos que em sua maioria, dado a tudo que enfrentam e tendo consciência que hoje, sem sombra de dúvidas, eles tem como seu maior predador o “Bicho homem”, essa é uma questão profunda e extremamente relevante.

É com uma resignada tristeza que escrevo isso, é com profunda dor que constato todos os dias que eles têm inúmeros motivos para detestar os humanos.

-Eles são caçados, tem seus pais assassinados, se tornam órfãos e perdem seu lar e sua liberdade por causa do homem.

-Eles são trancafiados por décadas em minúsculas gaiolas ou estreitos poleiros, perdem o infinito do céu por 0,50cm de metal frio.

-Alguns são acorrentados, e o mais difícil disso é ler e escutar que é por Amor, ah humanidade, ah mundo que continua repetindo desde sua criação, o amor como justificativa para violência, prisão, agressão, posse, morte….

-Muitos comem resto de comida, ou a fruta passada que ia ser jogada fora, ou a mesma comida do humano, essa mesma que vai lhe matando aos poucos por ser totalmente inadequada a seu organismo de pássaro.

-Muitos agonizam de dor sem assistência médica.

-Muitos são feitos cobaias por seus tutores, já que se testa todo tipo de palpites sobre sintomas, doenças e remédios para uma suposta cura, alguns escapam, muitos morrem…..

-Muitos tem seu poleiro de madeira trocado por metal ou plástico (que ao longo dos anos, vão danificar suas articulações e causar artrite e outros problemas dolorosos), tudo isso para evitar o prejuízo do dono na constante reposição dos poleiros, já que eles têm necessidade de roer.

-Inúmeros veem dia após dia passar, meses e anos, e anos, e anos sem atividade para fazer, sem brinquedos, desafios, uma vida de tédio, trancados, esperando um pouco de atenção dos humanos da casa.

-Muitos dormem e acordam ao lado de seus dejetos de dias, sem opção de se afastar….

-Muitos vivem em ambiente insalubre, expostos a fumaça de cigarro, desinfetantes fortes, iluminação excessiva, barulho…..

-Muitos com doença, dor, tédio, tristeza, depressão, medo, desespero, desconsolo arrancam suas próprias penas e na falta delas, pasmem, sua carne, pois não sabem pedir ajuda, nem dizer o que sentem, alguns são dopados com calmantes por anos, sem solução, porque ninguém tratou a causa ou apenas elegeu um motivo, quase sempre o mais fácil, virou praxe: É Stress, dizem os infinitos especialistas de redes sociais, aplaudidos pelo desesperado tutor que deseja ter sua consciência aliviada de que fez alguma coisa, sempre vou me perguntar porque quase ninguém pensa em levar no médico.

-Eles não têm, ou pouco tem direito a escolha, são privados das mais básicas liberdades.

Acho que poderia escrever um livro com tantas histórias e mazelas que vejo, só com motivos que eles têm para nos detestar, mas são tão superiores a nós, tão amorosos e pacientes, tão incrivelmente resignados a enfrentar tudo que enfrentam.

Mesmo com tantos motivos, eles nos tocam, e quando nos permitimos olhar para eles com atenção, aprendemos tantas lições de generosidade, amizade, companheirismo, tolerância.

Então, o que posso dizer para você, é que é difícil elencar um único motivo para nos detestar, falando em cima da realidade da maioria dos papagaios, acho que cada um vai ter um ou muitos, mas espero, e esse sentimento de esperança e fé que me move a continuar o Diário de Um Papagaio, que essa semente germine, que o olhar das pessoas sobre eles mude, e que cada um que passar por essa transformação COMPARTILHE, faça do que aprendeu uma corrente do bem e possa transformar essa realidade de muitos, para uma exclusão ou sendo mais realista, uma exceção de poucos, e que possamos um dia escrever as milhares de respostas para uma nova pergunta: “ O que os Papagaios mais Amam nos Seres Humanos?.”

Fundadora do Diário

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