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Tudo Sobre Ararajubas

5 de junho de 2019

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Tudo Sobre Ararajubas

ARARAJUBA (Guaruba guarouba)

Exuberante em seu amarelo vibrante que contrasta com um verde bandeira forte, é uma ave que chama atenção pela beleza e docilidade, quem conhece se derrete em elogios e paixão pela espécie. Da família psitacídeos, tem o porte de um papagaio, cauda longa, penas de tamanho desigual e com bico curvo, característico dos bicos tortos. As cores da plumagem são o amarelo ouro, remijes verde bandeira, por isso é considerada a melhor alternativa para ser escolhida como Ave Nacional. Filhotes de penas amarelas com raque e marmorizações verdes, sendo suas retrizes inteiramente desta cor. Quando jovens o verde se mistura na plumagem amarela e a cor ainda muito opaca. Tamanho aproximado de 34cm, peso médio 250gr, expectativa de vida em torno de 30 anos.

Por muito tempo foi considerada uma aratinga, mas recentemente foi reconhecida como espécie passando a usar o nome científico de Guaruba guarouba. É compreensível entender essa mudança já que, se por um lado apresentam mudança na coloração das penas como ocorre com as aratingas, por outro lado, o formato da cabeça, mandíbula e comportamento lembram muito as grandes araras as tornando uma espécie única. No Brasil é popularmente conhecida como araraîuba, Aiurujuba, e ajurujuba, ararajuba, guaruba, tanajuba e guarajuba, em outros países é conhecida como a Golden Queen (Rainha da Bavaria) ou Golden Conure. Está em risco de extinção, é muito valorizada e apreciada tanto no Brasil como fora dele e já era assim desde a antiguidade, no século XVI no Brasil tinha seu valor equiparado ao de dois escravos, o que era muito na época.

Confira no final da matéria vídeo com participação de especialistas e tutores sobre ararajubas

Como Pet

Personalidade

Como pet é um animal maravilhoso, carinhosos e inteligentes, são fáceis de amansar e de treinar. São divertidas e brincalhonas, muito ativas apreciam se pendurar em coisas, escalar e realizar todo tipo de acrobacia.

Amam o contato com os humanos e aqui é um ponto importante, elas amam mesmo, querem estar sempre perto num nível que nenhum humano consegue suprir, daí a importância de ter pelo menos outro indivíduo como companhia se não quiser ter problemas de ordem comportamental.

Não é indicada para pessoas com rotinas complexas, pouco horário e nem ser criadas em apartamento, a ararajuba é uma ave que exige muito comprometimento de quem cuida, diria ter algumas horas por dia dedicado a ela e disponibilidade de espaço.

Não se surpreenda se ela fica tão relaxada a ponto de deitar de costas e permitir várias manobras com ela, criadas como pet e bem socializadas costumam ser mansas e receptivas, essa personalidade tão social e receptiva é atribuída por muitos criadores como motivo para serem comumente excelentes pais, inclusive na criação de outras espécies em caso de abandono ou inabilidade dos país para cuidar, a ararajuba é sempre uma boa opção para assumir a ninhada postiça.

Por serem ativas e inteligentes as ararajubas precisam de muita atividade para evitar o tédio ou depressão, costuma ser uma ave mais sensível que a maioria dos papagaios, respondendo negativamente a situações indesejadas.

Costumam ter bom temperamento e comportamento, com exceção da época reprodutiva que podem ficar bastante agressivas.

 

Nível de Ruído

Barulhentas, as ararajubas adoram vocalizar e tem boa potência vocal, se você mora com pessoas com problema de sensibilidade a ruídos ou vizinhos intolerantes ela não é uma ave adequada para você.

Estrutura:

Apesar de não ser um grande psitacídeo em tamanho, as ararajubas não suportam pequenos espaços e nem confinamento, a estrutura deve ser a maior que você pode dar, e levar em conta também, no caso de uso de gaiolas por tempo prolongado, oferecer um bom tamanho.

Como são exigentes no quesito espaço é importante que o tutor se atente para não colocar vários indivíduos dentro do mesmo local, reduzindo assim sua capacidade e aumentando as chances de problemas.

O tamanho do viveiro também deve levar em conta, que por se tratar de uma ave muito ativa e que gosta muito de escalar, descer e subir, transitar no recinto, o espaço livre para ela deve considerar a necessidade de brinquedos, comedouros, poleiros e outros acessórios, pense nisso na hora de dimensionar o local.

Um bom viveiro para um casal de ararajubas considerando sua alta necessidade de espaço seria de 4 metros de comprimento, 2 metros de largura e 2 metros de altura.

 

Brinquedos:

Brinquedos são importantes meios de proporcionar atividade e evitar tédio, no caso de ararajubas é apreciado muitas coisas em madeira já que demonstram grande aptidão para roer. Elas possuem bicos fortes, então deve-se ter um mix entre madeiras mais fracas e outras mais fortes, que resistam mais tempo e lhe dê de fato trabalho e ocupação.

Considerando que os artigos para aves são bem salgados e nada fáceis de encontrar, incrementar a decoração com galhos de árvores frutíferas no ambiente atende a necessidade de roer da ave e poupa os demais brinquedos que terão seu tempo útil um pouco maior.

Outro aspecto sobre elas é que considerando sua aptidão por escalar e se deslocar e isso inclui entrar e sair do viveiro investir em objetos como escadas, pontes, cordas grossas (que sirvam para empoleirar), balanços e poleiros chamados de playground de chão ou de mesa tornam o ambiente mais interativo.

Devemos lembrar que o uso de cordas deve ser sempre observado, caso a ave esteja roendo e engolindo não é seguro, pois os fios podem impactar no papo obstruindo a via e levando a cirurgia para retirada. Podemos citar como opção o uso de fio de papel kraft já que se parte facilmente e se ingerido desmancha no organismo sendo facilmente expelido, as tiras de couro também são opções para substituir as cordas.

As ararajubas tem por característica serem curiosas e adoram pegar objetos para brincar, é importante supervisão sempre, assim como uma varredura vigilante por parte dos tutores quanto ao ambiente.Tem atração por objetos pequenos como contas, brincos, bolinhas, botões entre outras coisas, podendo facilmente se acidentar engolindo algo indevido ou se machucando.

 

Alimentação

Sua alimentação é de alta energia, então a ração extrusada a ser escolhida precisa atender este aspecto, além de verduras, frutas, legumes, nozes e outras castanhas.

 

Problemas da Espécie

Alguns exemplares apresentam quadros de agressividade mais acentuado na época reprodutiva, ou quando sua socialização é feita exclusivamente com membros da família e pouco contato com outros humanos, podem apresentar um comportamento territorialista de proteção do bando sendo agressivo ou rejeitando outras pessoas, a maior parte das aves dessa espécie, tendem a ter um temperamento mais sociável e tranquilo.

Acredito que um dos problemas mais dramáticos dessa espécie é uma forte tendência ao arrancamento de penas, para quem acha que precisa de grandes motivos para o arrancamento de penas, em alguns casos, pequena mudanças no ambiente como a cor da parede, barulho de reforma, frio excessivo pode ser suficiente para desencadear o processo.

Possíveis causas de arrancamento de penas:

  1. Ordem Genética – Algumas espécies são mais propensas ao arrancamento de penas e a ararajuba está entre elas, alguns também afirmam que filhos de pais com este problema tem maior chance de ter o problema, como também, excesso de parentesco devido a reprodução em escala e pouca variedade genética são atribuídas como causas para maior índice de arrancamento.
  2. Doenças – As doenças aqui entram como gatilho, não só parasitárias nas penas que podem causar desconforto, mas o arrancamento também está ligado a patologias virais que podem causar incomodo ou infecção no bulbo provocando o desejo de arrancar, além disso dor e desconfortos diversos podem levar a este quadro. Considere na fase de pesquisa de causas também doenças alérgicas, hormonais como da glândula tireoide hiperativa, infecções.
  3. Deficiências Nutricionais – Uma alimentação de baixa qualidade ou má nutrição acaba afetando diversos sistemas e órgãos, a falta de minerais e vitaminas essenciais a plumagem e de vitamina para a pele acabam levando a um quadro de coceira, como consequência irritação culminando no arrancamento. Na investigação deve-se verificar através de exames de sangue os índices.
  4. Frustração Sexual – A impossibilidade de acasalar seja pela falta de um parceiro ou nos casos de pareamento entre ave e humano pode levar a ave a um quadro de frustração já que seu desejo não é atendido, algumas aves podem direcionar isso para quadro de agressividade e outras podem iniciar o processo de automutilação.
  5. Fatores climáticos – Ventilação inadequada, excesso ou falta de exposição a luz solar, umidade muito baixa.
  6. Intoxicação por fatores do ambiente – Fumaça, cigarro, produtos de limpeza, produtos em forma de aerossóis, contato com cosméticos usados pelo tutor, intoxicação por zinco.
  7. Manejo inadequado e traumas psicológicos na primeira infância – Experiências malsucedidas no manejo dessas aves podem marcar e causar danos em sua formação. Filhotes criados pelos pais não costumam apresentar problemas de arrancamento de penas, eles tem em seus primeiros dias de vida uma referência de comportamento normal entre aves, interação entre eles e os pais, experimentam a sensação de proteção, cuidado, interação com um grupo social ou familiar, no caso pais e irmãos e experimentam coisas como ser alimentado, cuidado, comunicação vocal escutada desde o ovo, reconhecimento de outro igual. Tudo isso é perdido na criação artificial (chocadeira), e no caso de algum erro no manejo nessa fase pode ocasionar em problemas na idade adulta.
  8. Impossibilidade de realizar comportamentos naturais – Costumamos chamar de instinto os comportamentos ditos naturais, e isso vem em graus variados de acordo com cada ave, mas todas tendem a sentir necessidade de os reproduzir, como escalar, nidificar (construir ninhos), procurar comida e interagir com outras aves comportamento social.
  9. Confinamento – O confinamento é uma das grandes causas em diversas espécies de problemas comportamentais dos mais diversos, entre eles a automutilação, não vou me estender nesse quesito, basta ao leitor que se imagine trancado em um quarto sem poder sair, mesmo que este esteja abastecido com jogos, vídeos, tv, alimento e água, isso por si só responde o que o confinamento causa nas espécies.
  10. Outros animais – É comum que tutores tenham bandos mistos, mas devemos lembrar que outros animais, como por exemplo gato, cachorro ou aves de rapinas são predadores, pode ocorrer da ave não demonstrar de outra forma seu desconforto com outras espécies, e direcionar sua angústia para a automutilação, até por incapacidade de mudar a situação ou de fazer algo para resolver isso o que a leva a grande frustração, já que é impossibilitada de escolher conviver ou não com o perigo. Há de se ter muita sensibilidade para reconhecer quando um convívio social não está bom, mesmo nos casos de incompatibilidade entre indivíduos de mesma espécie (duas ararajubas), ou exemplares muito dominantes disputando a liderança do bando.
  11. Ambiente – O ambiente em que a ave está inserida não é especificamente apenas sua gaiola ou viveiro, mas a casa como um todo, tudo que acontece ali e ao redor influencia a ave, seja um grande movimento de pessoas, sons muito alto, excesso de luz, tumulto e até uma rotina pacata demais. É necessária muita sensibilidade do tutor para que o ambiente tenha uma rotina boa que dê segurança e tranquilidade, mas que também tenha surpresas, mudanças e novidades que tragam enriquecimento para a vida delas. Talvez por serem nômades em vida livre as ararajubas apreciem tanto a liberdade, exploração e mudanças, vale fazer troca de lugar, mudança na decoração, brinquedos, horários, mas tudo com muito cuidado e sempre observando e respeitando a aceitação delas.
  12. Tendência a problemas renais – Esta espécie tem tendência a desenvolver problemas renais, quando em crise a dor a leva a arrancar as penas. Deve-se ter grande atenção aqui no quesito água, esta espécie costuma ingerir um volume maior que as demais espécies de papagaios, o tutor deve aumentar a frequência de troca, garantindo água limpa e fresca sempre.
  13. Suplemento em excesso pode ser uma cilada – E vou explicar porque, sabemos que é uma ave que precisa de uma alimentação mais energética, e níveis baixos de vitaminas, minerais… causam problemas que levam a automutilação, por isso é comum entre os tutores suplementar ou alguns veterinários aconselharem a suplementação, porém também sabemos que esta espécie tem tendência a problemas renais, excesso de suplemento de vitaminas e minerais podem levar a uma sobrecarga tanto dos rins como do fígado o que seria um gatilho também para automutilação. Salvo se em exames bioquímicos a ave apresentou alguma deficiência de vitaminas ou minerais, é melhor que o tutor invista em uma alimentação super premium de ração extrusada e complemente com verduras, frutas e as castanhas variadas para que as necessidades da ave sejam supridas de forma adequada.

Quanto ao tratamento, como podemos ver as possíveis causas são muitas, resolver na base de tentativa e erro pode agravar muito o caso, o caminho mais seguro a ser adotado é primeiro procurar um médico veterinário especialista em silvestres e exóticos para investigar possíveis causas físicas, na ausência dela é hora de buscar ajuda de um especialista em comportamento animal que iniciara a etapa de investigação de causa, para poder determinar o tratamento.

 

Criar Só ou Com outra Ave

As ararajubas são muito sociáveis, adoram interagir, e o humano por mais amoroso e com disponibilidade de tempo não consegue suprir toda a necessidade de uma ararajuba, ela não foi feita para estar sozinha hora nenhuma.

Se criadas sozinhas tem chances elevadas de apresentar problemas comportamentais. Desejável criar com outro individuo da mesma espécie, e costuma ser bastante tolerantes com indivíduos de espécie diferente, mesmo os mais difíceis.

Por fim, espero que esta matéria tenha ajudado a trazer luz para essa espécie tão encantadora e particular. Na hora de levar para casa um pet que pode viver 30 anos é preciso conhecer o pacote que inclui pontos positivos e negativo e saber se você e sua família estão preparados para assumir isso. Lembre-se que tudo no inicio é novidade e legal, do mesmo jeito que um kilo de arroz é fácil de carregar por um tempo, tente segura-lo por dias e começa a pesar. Como é uma vida e não é descartável e o abandono de animais é uma realidade que cresce a cada dia, considere tudo que leu no texto e viu nos vídeos e pense muito para tomar uma decisão consciente.

 

Texto Adna Cristina Dantas – Redatora e administradora do Diário de Um Papagaio

Participaram no vídeo

M.V Matheus Rabello
Exótic Life Brasilia – @Exoticlifebsb

Fernando Petroni – Zootecnista
@fhpetroni   – 27 98128-2864

Mauricio Catelli
@MySpecialBirds

Túlio
@TulioAndThePets

Fernanda Elke
@ArarajubaMelComPequi

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Fundadora do Diário

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