Papagaio do Mangue

Dentro da grande família dos papagaios da classe amazonas (existem mais de 30 espécies), o papagaio-do-mangue ou Amazona amazonico, depois do papagaio-verdadeiro é um dos mais populares criados como pet. Por pertencer ao bioma de várias regiões, costuma ter vários nomes populares como curica, ajurucatinga, papagaio-poaieiro, aiurucactinga, kutitzaká, curau, papagaio-grego, encontros-verdes e curuca, em inglês é conhecido como Orange-winged parrot.

Origem
A parte norte da América do Sul, a leste dos Andes, na Venezuela, Colômbia, leste do Equador, leste do Peru, norte da Bolívia, Guianas e Brasil; também Trinidad e Tobago.

Características
É bem menor que o papagaio-verdadeiro, medindo cerca de 30 a 35 cm e pesando em média 300 gr.

É comumente confundido com o papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) para olhos mais desatentos, pois a marcação de cores é completamente diferente, o verde predomina nas suas plumas, sendo que nas partes inferiores o tom de verde é mais opaco, a região frontal da cabeça em volta dos olhos é de um azul-violeta bem característico, as partes da coroa e bochechas frontais são amarelas, ponta da cauda laranja e a parte posterior da bochecha verde, a coloração laranja em parte da asa também o destaca e daí vem seu nome em inglês. O bico é amarelo na base e o restante cinzento.
Existem conhecidamente duas subespécies: Amazona amazonica tobagensis e o Amazona amazonica micra, sendo elas bem menores que a espécie, crescem em média 20 cm.

Olhos destreinados costumam confundir às duas espécies, porém se olhar atentamente as fotos, verá que no caso do papagaio-do-mangue o amarelo nunca invade a área dos olhos, se concentrando na área da cabeça no topo ou coroa da cabeça e na linha da bochecha para baixo, assim como tem sua tonalidade de verde mais suave, possui também laranja nas bordas das asas. Já o papagaio verdadeiro tem como característica da espécie a máscara amarela ao redor dos olhos, apresentando variação na extensão do amarelo, alguns com mais outros menos, alguns nascem totalmente verdes desenvolvendo o amarelo ao longo dos meses até atingir a cor definitiva de adulto, ombros vermelhos e pinceladas de amarelo em alguns exemplares.

O papagaio-do-mangue filhote também apresenta diferença nas cores de adulto, quando nascem tem predominância do verde, com penas amarelas e azuis, na idade adulta o azul aumenta em quantidade e intensidade ficando mais vivo e violeta, o amarelo fica mais vibrante chegando mais próximo da paleta do laranja.

Como podemos ver nas fotos acima, assim como acontece com outros amazonas, o olho do filhote é marrom e vai amarelando, até atingir o laranja vibrante dos adultos, eles atingem a maturidade por volta dos 5 anos.

Comportamento

Muito populares na Europa pela sua beleza e excelente temperamento se comparado com o papagaio-verdadeiro conhecido por seu comportamento difícil. Os papagaios-do-mangue são mais amáveis, sociais, calmos, porém, bem mais barulhento que o aestiva.
Valorizam a companhia e interação com a família humana, na natureza estão sempre em bandos, vida social é com eles mesmos. O temperamento mais dócil que outros amazonas, o tornam bons candidatos a pet.

Olá, eu sou o Rodolpho José! Eu tenho 37 anos, assim dizem meus humanos, que me levaram para casa deles nos idos de 1983. Eu já estava todo empenadinho mas ainda era novinho! Eu me considero humano também , embora digam que eu sou papagaio do mangue. Na maior parte do tempo eu era o único amorzinho da casa, pelo menos até 2005, quando acharam que eu estava sozinho e resolveram trazer uma tal de Maria Roberta, vulgo Robinha, uma papagaia do mangue!! Não gostei dela, muito grudenta e queria ficar de pezinho dado e fazendo cafuné o tempo todo! Como não sou fácil, acabei dando uns petelecos nela (quase me enquadraram na lei papagaia da penha) e, desde então, não nos deixam mais juntos , mas ela ainda insiste, fazer o quê, se sou lindo e maravilhoso?! Ah, também arrancaram umas peninhas do meu peitinho e também da Robinha, pra confirmar que eu era menino (espada!!) e ela menina! Pensa que acabou meu sossego? Não!! Aí vieram uns papagainhos anões, que chamavam de calopsitas!! Que bichinhos chatos. Mas eu até que gostava deles, mas o tempo foi passando e papai do céu levou alguns deles, e o que restou, o Saphiro, ficou tristinho e lá me puseram pra fazer companhia pra ele no viveiro. E, incrivelmente, a gente se deu bem!! Sem grandes intimidades, claro, porque afinal eu sou gente!! Passou um tempo e papai do céu levou Saphiro também  e senti muito a falta dele, mas depois fiquei melhor. Agora nós somos eu, Robinha, e uma cambada de 8 gatos. Eles me respeitam porque eu que mando nessa casa!!! Sou apaixonado pela minha vó, chamo ela e gosto de andar pela casa e ir pro quarto dela. Eu não sou de falar muito e dizem que tenho a boca suja, mas acho que isso é intriga!! Agora vou falar um pouco da Robinha, pra não dizer que eu sou metido! Então, ela está conosco desde 2005, ela é mansinha e meus humanos ficam com ela no dedo e dando beijos naquela barriga verde o tempo todo (ciúmes, eu?!), mas eu acho chato quando querem fazer isso comigo também, no máximo um cafuné porque não sou de ferro!! Minha tia humana viu que no facebook tinha um pessoal querendo saber histórias de papagaios do mangue e perguntou se eu queria escrever sobre mim e Robinha. Claro que sim, embora eu seja humano num corpo de papagaio!! Tenho muitas historias para contar, umas engraçadas e outras tristes, que dariam um livro!! Mas vou seguindo feliz e muito amado, e minha tia fez até uma tatuagem de mim!!! Estou mandando umas fotos nossas pra verem como somos lindos!!!Estou mandando umas fotos nossas, foi muito difícil escolher entre tantas lindas!!!Beijos e bicadinhas para vocês!!!” (Rose Baima)

A quantidade de tempo com o tutor influencia muito no quesito vínculo afetivo, quanto mais tempo junto maior será essa ligação. Atividades cognitivas são bem-vindas e podem começar logo cedo, respeitando sempre o desejo e aptidão da ave para estes exercícios.
Seu bom temperamento aliado ao desejo de companhia se bem explorado pelo tutor, ajuda muito a ter um papagaio tranquilo e afetuoso, para isso pode-se usar tanto os brinquedos tradicionais para aves como também alimentos para serem usados como ferramenta de interação e atividades lúdicas.

Papagaios criados “sem orientação” ou sem atividades conduzidas, sem brinquedos ou que fiquem com muito tempo ocioso tende a desenvolver por tédio, comportamentos destrutivos, também pela necessidade que sentem de usar o bico, roer é indispensável para atender uma atividade primária da espécie, e se não acham material adequado deixado para eles, pelos tutores (galhos de árvores, brinquedos em madeira, cerâmica) ficam suscetíveis  a destruir e roer móveis, fiação elétrica, objetos, paredes e tudo mais que esteja ao se alcance e chame sua atenção.

“Olá! Eu tenho um papagaio do mangue de 3 meses treinado para voo livre. Nos somos melhores amigos! Ele é um anjo. Comprei do criadouro Mandarim. Hoje ele é o primeiro papagaio do mangue a fazer voo livre e ele ama mais que tudo. Ele tem alimentação natural, então todo dia come legumes como abobrinha, pimenta dedo moça, pipino, rabanete, etc. Também come sementes e ração extrusada! Mas só compro pra misturar com as verduras! Ele é muito brincalhão e ama todo mundo que conhece! A ave mais alegre, linda, e livre do mundo!” (Valentina Kanner)

Atenção, voo livre é assunto sério, a ave é exposta a muitos riscos, não faça sem a devida orientação. A tutora e o papagaio dessa matéria passaram por treinamento.

Outro aspecto que devemos considerar é que estas aves durante seu desenvolvimento vão utilizar o bico, ou melhor dizendo, as bicadas para nos impor suas vontades e ocupar território e liderança, tem como característica de personalidade uma tendência ao desafio, os tutores, na maioria das vezes apaixonados, acabam por achar engraçado essas atitudes quando filhotes, porém as correções devem começar cedo, com amor e paciência,  mostrando a ave que a bicada com agressividade não é um comportamento aceitável.

Na idade adulta são influenciados pela ação de hormônios e nessa fase alguns ficam mais afetados que outros, daí variação no grau de agressividade nessa fase, problemas no manejo, falta de disciplina, pouca interação, entre outras coisas também acabam por agravar esse quadro.

Mesmo sendo conhecidos pelo seu bom temperamento, nunca devemos esquecer que toda regra tem sua exceção, afinal, outros fatores como dor, mal-estar, fome, tédio, medo interferem diretamente no comportamento da ave.

Papagaios, assim como os demais psitacídeos tendem a ser medrosos e desconfiados, ou talvez a palavra certa a ser utilizada aqui seja mesmo “Prudentes”, desconfiam e mantêm distância de pessoas desconhecidas, móveis, objetos, alimentos, ou seja, tudo que é novo para eles. Muitos tutores relatam dificuldade com o papagaio até com um novo brinquedo, se por um lado essa prudência excessiva evita se meterem em encrencas, por outro lado, dificulta muito na rotina com humanos, então enriquecer o ambiente e a vivência do papagaio com experiências, pessoas, objetos e atividade diferentes ajuda para que a rotina de manejo seja mais fácil e que ele aceite novas situações melhor, apesar de parecer não ter tanta importância, tem papagaios tão resistentes a mudança que sofrem, entram em depressão ou ficam agressivos apenas com a mudança de um móvel de lugar, gaiola ou até uma nova cor na parede, quanto mais rica a vivência dele mais flexível ao novo.

Nível de Barulho

Aqui antes de tudo vem o ‘top’ das perguntas: O papagaio-do-mangue fala?
Ele pode falar, se ele quiser, assim como acontece com seu famoso primo papagaio-verdadeiro, alguns exemplares do mangue são muito falantes, outros falam uma a duas palavras a vida inteira e outros ( só 2 em cada 10 falam) não falam nada, preferem deleitar os ouvidos de seus tutores com assobios, melodias ou seus gritos característicos.
Falando em gritos característicos, esta espécie é bem barulhenta, boa potência vocal e gosta de se fazer presente com a voz, mas a boa notícia é que ficam bem calados quando estão comendo, e gastam boas horas do dia nessa deliciosa atividade, rsrs.

Se você mora em apartamento, casa geminada ou condomínio é bom pensar antes de ter uma ave dessa em casa, barulho é uma das maiores causas de problemas com vizinhos ou arrependimento dos tutores, tente conhecer outras pessoas que criam, visitar zoológicos que tenham a espécie ou o próprio criadouro para ver se o barulho está dentro do que você, ou o local onde mora considera aceitável.

Alimentação

Aqui gostaria de iniciar dizendo que um erro comum dos tutores é julgar que as necessidades nutricionais de ave de vida livre, pet e de reprodução (criadouro), são iguais, esse engano leva a problemas nutricionais já que estilo de vida e gasto calórico de cada um desse grupo são bem diferentes.
Vamos nos ater aqui as aves pet, salvo as que praticam voo livre (gasto calórico maior), as outras têm baixo nível de atividade estando divididas em categorias:

-As que nunca saem da gaiola

-As que escalam e andam pela casa

-As que voam dentro de casa

Todas elas não se exercitam tanto quanto uma ave de vida livre que voa quilômetros todos os dias, aliado a isso, os amazonas têm tendência a obesidade, problemas cardíacos, hepáticos, problemas decorrentes de deficiência de vitamina A e de hemossiderose, o que exige uma alimentação de baixa gordura, baixo consumo de alimentos ricos em ferro e boa quantidade de alimentos ricos em vitamina A.
Indicado como base alimentar a ração extrusada premium, legumes, verduras e frutas (controladas), sementes e oleaginosas como as amêndoas e castanhas devem ser ofertadas como petisco e bem controlada pelos motivos citados acima.
Em algumas regiões de origem essa espécie é considerada praga por destruir plantações entre elas as de cacau e manga.

 

A quantidade ideal das porções são média 10% do peso corporal do seu papagaio, cuidado com o excesso de alimentação, mal esse que acomete hoje em dia, a grande maioria dos tutores criam um buffet de ofertas diárias de alimentos, praticamente impossível da ave consumir, esse excesso leva a ave ao desperdício e muitas, a obesidade, a alimentação deve ser uma fonte de prazer, mas antes disso seu intuito é nutrir, como os humanos as aves também desenvolvem problemas como ansiedade e compulsividade, levando a comer mais do que precisa, ou bicar e jogar fora.
Aves com dietas equilibradas e ricas nutricionalmente falando como exemplo as que se alimentam de ração extrusada premium não necessitam de suplementação de vitaminas e minerais, já as que se alimentam de mistura de sementes precisam fazer suplementação, qual suplemento, o tempo e a quantidade, devem ser orientados pelo médico já que depende dos níveis encontrados no organismo da ave.

Saúde

A saúde física e mental de um papagaio depende muito de condições não controláveis (genética) e em sua maioria as condições controláveis (estrutura, manejo, tempo, alimentação, atividades, assistência médica).

Quanto a saúde física já falamos aqui que eles têm tendência a obesidade, problemas cardíacos e hepáticos isso exige uma atenção maior com a alimentação e atividades, importante acompanhar através de exames de sangue, imagem e clinico pelo médico veterinário como andam as taxas colesterol, açúcar, vitaminas, minerais etcs, ver os órgãos, enfim ser acompanhados.

Uma alimentação nutritiva e balanceada evita o aparecimento de diversas doenças.
Bons hábitos de higiene como a limpeza diária e desinfecção mensal de gaiolas/viveiros e seus utensílios diminuem muito os riscos de doenças.
Estas aves têm por hábito esconder quando estão doentes, sempre observe seu papagaio e se achar alguns desses sinais fique atento e procure um médico veterinário:

-Respirar com dificuldade

– Falta de apetite

– Deitado no fundo da gaiola

– Penas arrepiadas

– Asas caídas

– Apatia, muito quieto ou dormindo muito

– Mudança no humor (agressividade ou passividade fora do normal da ave)
– Pálpebras inchadas

– Cloaca suja

– Olhos lacrimejantes

– Olhos fechados

– Respirando com o bico aberto

– Narinas entupidas ou com secreção

– Alteração nas fezes

– Penas com as cores alteradas (Fora do padrão da espécie)

– Penas repicadas

Estes sintomas podem fazer parte de vários doenças, algumas transmissíveis a humanos, existem vários infecções fúngicas, bacterianas ou virais, além de ser comum nas clínicas os quadros de intoxicação, lipomas, tumores e na grande maioria de doenças decorrentes de erro na nutrição.

Quanto a saúde mental, esses verdinhos podem apresentar quadros bem semelhantes aos observados em humanos:

– Depressão

– Ansiedade

– Automutilação
– Tédio
– Agressividade excessiva

– Comportamento destrutivo

Como estes comportamentos também podem vir decorrente de desconforto por doença física, a orientação é primeiro procurar o médico veterinário especialista em animais silvestres e exóticos, caso não seja encontrada nenhuma causa é hora de buscar um profissional em comportamento animal para que se possa observar, acompanhar, avaliar e ter um diagnóstico, não existe uma receita ou remédio geral, o tratamento é personalizado, as vezes, é necessário utilizar medicamentos ou fitoterápicos de apoio, sendo importante descobrir e trabalhar a fonte de modo a eliminar o problema.

Finalmente planejar ter um é fundamental, o papagaio-do-mangue é uma ave maravilhosa, se bem manejado e cuidado poderá viver anos e ser uma companhia para toda família.

De maneira geral o papagaio-do-mangue não difere dos outros amazonas em relação ao seu manejo, continue acompanhando nosso canal para aprender boas práticas de manejo.

Texto e Produção: Adna Cristina Dantas Redatora e Administradora do Diário de Um Papagaio